Reportagens

11º FMM de Sines – mundo de aventuras

FMM 2009 - Fogo de Artífício

Ano após ano, o FMM de Sines continua a surpreender-nos e a provocar-nos um contínuo suspiro pelo rápido regresso da terceira semana de Julho. Ou, pelo menos, que o maior festival de músicas do mundo em Portugal se torne semestral. Ou trimestral. Ou mensal.

Sonhos à parte, à medida que recuperamos do esforço físico dispendido durante nove dias, o nosso sistema nervoso é povoado por múltiplos sentimentos e imagens de situações vividas nos mais diversos espectáculos, à frente ou atrás do palco.

O FMM de Sines continua a ser o mais interessante evento das músicas do mundo por múltiplas razões:

– A programação reúne sempre um punhado de uma dúzia de artistas que, concentrados num único cartaz, faz do FMM um festival irresistível, a nível europeu (palavras de vários jornalistas estrangeiros);

– No palco gigante como o do Castelo há sempre um gosto pelo risco e pelo sucesso associado a essa incerteza. Não são muitos os festivais que se podem dar ao luxo de programar os Alamaailman Vasarat antes do «cabeça-de-cartaz», de colocar um único músico em palco (James Blood Ulmer), ou de proporcionar aos mongóis (e praticamente desconhecidos) Hanggai uma das maiores ovações desta edição. Regra geral, muitos dos projectos que à partida funcionariam melhor num espaço fechado, costumam ser muito bem recebidos no Castelo. Admirável a forma com que o profissionalismo e virtuosismo de Debashish Bhattacharya superou todas as adversidades e empolgou a assistência.

– As condições dadas aos artistas e jornalistas, a atenção pelo pequeno detalhe, nomeadamente no «backstage», fazem com que este festival continue no coração de todos aqueles que o vivem intensamente. Ao longo das várias edições, são inúmeros os músicos que, em diversas entrevistas, me enumeram entusiasticamente as qualidades do FMM. Aspectos esses que circulam boca-a-boca entre músicos, em qualquer parte do globo. Por exemplo, o Olivier Conan (Chicha Libre) não foi apanhado de surpresa porque Wade Schuman (Hazmat Modine) lhe havia previamente descrito o ambiente e as condições técnicas (e humanas) que iria encontrar em Sines.

– Além de tropeçarmos, no backstage, nos mais diversos músicos que partilham connosco o seu lado mais humano, o espírito «womex» completa-se com o contingente de jornalistas e agentes portugueses e estrangeiros (sobretudo espanhóis) com quem trocamos saberes e experiências, que nos lançam continuamente novos “ganchos” para futuras reportagens. Obrigado Pepe pela dica da Guadi Galego. A agenda de contactos cresce consideravelmente.

– A facilidade com que se marca uma entrevista não reside apenas no factor «backstage». A equipa da C.M. Sines, que não necessita de nenhuma agência de comunicação para se libertar de determinadas tarefas mais desgastantes, nunca se esquece de um só pedido.

– Os recursos oferecidos à imprensa (organização de press-releases com textos e imagens, escrita de sinopses, reportagem fotográfica exaustiva dos nove dias de FMM), pela referida equipa reforçam ainda mais a ideia de que, ao invés de subcontratarem determinados serviços de comunicação, este gabinete camarário deveria era oferecer estágios a estes profissionais de Relações Públicas que têm avenças com outros festivais, para ver se melhoravam a sua qualidade e capacidade de trabalho.

[continua]

(c) foto: CM Sines / Mário Pires

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13 Comments

  1. Concordamos 100% desde Mapamundi com a tua análise e os teus comentários. Para nós tem sido um prazer assistir pola primeira vez ao FMM e desfrutar com todas essas propostas de qualidade e de risco e queremos dar-lhe os parabéns à organizaçom do Festival polo seu trabalho e todos esses detalhes que mencionas. Mui destacável também a presença galega, tam importante para seguir a lançar pontes entre irmãos. Também foi um prazer, Luís, te saudar pessoalmente. Vemo-nos para o ano!

    1. Olá Araceli e Juan. Obrigado pelas palavras. Foi também um prazer conhecer-vos, finalmente. A Galiza tem lugar cativo no FMM. E espero que no próximo ano a Guadi Galego que veio estes dois últimos anos como convidada possa vir como artista principal. Ou com Nordestinas, ou com o seu projecto pessoal.

      Espero mesmo que possam desfrutar de boa e arriscada música no próximo ano.

      Até lá

    1. Olá Carlos, acredita que é uma boa inovação que pode servir como óptima ferramenta de comunicação não só para quem está nos principais espaços públicos de Sines e Porto Covo, mas para quem não pode estar presente e deseja acompanhar o festival via internet. Tive solicitações nesse sentido (não foi Amália?). Uma rádio online que difundisse entrevistas, gravações ao vivo, etc seria uma mais-valia para o festival.

      abraço

      1. Olá Luis e resto do pessoal

        Claro!! Uma radio on-line é que era!!!!
        Este ano, graças ao “Retorta” Mario, tive imagens quase em cima do acontecimento. Deu para ver e quase ouvir algumas coisas, graças às optimas fotos do moço e aos seus “video-cellphones”.
        Mas rádio é que era, e já que estamos a pedir (e como se diz por cá, o cagulo não faz mal) TV então nem se fala 🙂

        Pelo que li e fui sabendo este ano o FMM foi dos melhores. 87 mil pessoas???? assustador!!!

        Beijinhos e continuem o bom trabalho

        1. O trabalho do Mário é um bom exemplo daquilo que todos os festivais deveriam proporcionar aos jornalistas e a quem não pode estar no evento. É uma pena que a maior parte dos organizadores / autarcas / produtores ainda não tenham percebido isso. Mais um aspecto em que o FMM se destaca dos demais.

          bjs

  2. Olá Luis! Não sei ainda a tua apreciação das epifanias, mas fica aqui a minha para os 10 (12)melhores: 10-Circo Abusivo/Rupa;9–J.B. Ulmer/Chicha Libre; 8-Acetre; 7- Uxia& Gaudi Galego; 6-The Ukranians; 5- Vitor Démé; 4- A. Vasarat; 3- Hanngai; 2- Cyro&Claus; 1- Speed Caravan; Sim é o baixista mais criativo que já vi…Gd abraço até Hazmat Modine no Avante!!!

    1. Olá Hugo, pelos vistos estiveste em Sines / Porto Covo os dias todos. Podias ter dito alguma coisa.

      Conto publicar tudo o que tenho em carteira até ao final desta semana.

      os concertos que mais me tocaram foram:

      – Debashish Bhattacharya
      – Orquesta Típica FF
      – Hanggai
      – Rupa
      – Uxia
      – Mor Karbasi
      – Warsaw Village Band
      – Cyro
      – Ukrainians
      – Victor Deme
      – Speed Caravan
      – A Vasarat
      – Melech Mechaya (muito boa interactividade com o público que estava fora do «aquário»)

  3. Só falas de Sines pois tens lá a mama toda, e Sendim “no coments”” pois, fostes lá para ver se limpavas a tua cara perante o Mario Correia, seu lambe botas, já te esquecestes do que dissestes a uns anos atraz.

    PNR rules

    1. Caro amigo,

      Obrigado por toda a atenção que dispensa a este espaço. Neste momento, por motivos de férias, encontramo-nos a meio-gás. Durante esta semana serão publicados textos sobre Sines (este foi só uma introdução), Sendim e L Burro I L Gueiteiro. Sim, se faço uma viagem de mais de 500 kms aproveito e assisto a dois festivais e não apenas a um, não é verdade? Já agora, espero que nos possa fornecer o link da sua reportagem. Sempre tive interesse em aprender galaico-português.

      Folk Against Racism

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