Reportagens

Med de Loulé 2014: na ilha do Tartaruga Genial [1/2]

Med Loulé 2014: Gisela João

O centro histórico de Loulé foi palco de mais uma edição do Festival Med que este ano voltou a conquistar o terceiro dia de programação e ainda mais um de aquecimento (de 26 e 29 de Junho). Num Med cada vez mais global (e menos mediterrânico) sobressaíram os japoneses Turtle Island, colectivo samurai-punk cujos elementos parecem personagens de histórias animadas com assinatura Manga.  

(c) Foto: arquivo CM Loulé

A recuperar algum do fulgor perdido nos dois últimos anos, o espírito que o Festival Med grangeou ao longo de dez edições continua intacto, apesar da mudança de cor partidária na presidência da autarquia de Loulé.

Muita da beleza do Med de Loulé reside no estreito labirinto de emaranhadas ruelas e pequenos largos que, por não permitirem mais um do que cerca de um milhar de festivaleiros em áreas mais abertas como a Matriz ou a Cerca, desde cedo permitiu à organização distribuir palcos (já vão em 6) por todo o espaço do festival.

Se, por um lado, a animação é omnipresente, non-stop, ao longo do recinto, por outro, torna-se extremamente difícil ver um concerto na íntegra. Há no Med um enorme espírito de descoberta, um pouco à semelhança do que se vive numa feira da WOMEX, em que transitamos de quarto em quarto de hora entre palcos. O espírito de “Expo” encontra-se, sobretudo, no desenvolvimento de espaços que vão crescendo ao divulgarem inúmeros artistas sediados no Algarve, da clássica e da folk, ao pop-rock.

A Igreja Matriz, onde se escuta “Libertango” de Piazzola ao violino e ao acordeão, mais do que uma aposta ganha, requer atenção redobrada, porque o Med Classic merece ganhar outro protagonismo de forma a receber neste espaço (e porque não na Cerca?) outros intérpretes (do resto do país) de música clássica / antiga / medieval.

O palco da Bica, de onde foram retiradas várias mesas corridas para que houvesse mais gente a assistir aos concertos, com menos barulho de talheres  e pratos a tilintar, assumiu com mais veemência a divulgação dos jovens valores locais como os Mondopardo ou Um Corpo Estranho.

No Arco, continuam as mesas corridas, é certo, mas mantém-se o mesmo espírito de missão e de divulgação de novos projectos nacionais como Pelivento ou OrBlua (que passaram pela Bica na edição anterior).

No Castelo abriu-se espaço nas entradas e saídas (assim como uma passagem TGV entre o Castelo e a Cerca) tornando mais fluída a circulação do público. Aqui mantém-se, por um lado, a tradição de divulgar nomes emergentes da folk nacional, como Ai! de César Prata, ou Celina da Piedade (e deveria ser só assim), por outro em alinhar figuras mais abrangentes e eclécticas que deveriam transitar para a Cerca (Graveola & o Lixo Polifônico, Dino D’Santiago).

Na próxima entrada, as Crónicas da Terra abordam os 11 momentos bem vividos no Med de 2014 (divididos maioritariamente entre a Cerca e a Matriz): 

1 – Turtle Island

2 – Gisela João

3 – Bomba Estéreo

4 – Bombino

5 – Jupiter

6 – Winston McAnuff

7 – Nour Eddine

8 – Graveola

9 – Dino d’Santiago

10 – Ai!

11 – OrBlua

 

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