Discos

DISCOGRAFIA ESSENCIAL (1) ALI ALI FARKA TOUR? – “NIAFUNK?”

Ali farka Tour?
Niafunk?
World Circuit / Megam?sica

Antes da explos?o cubana, atrav?s do projecto Buena Vista Social Club, Ry Cooder j? tinha gravado ?Talking Timbuktu? com Ali Farka Tour?. Um ?lbum de grande cumplicidade que viria a conquistar um grammy. Se em termos art?sticos, ?Talking Timbuktu? representou a afirma??o definitiva de um blues men do Mali que, a partir da?, intensificou os seus espect?culos pelos quatro cantos do mundo, em termos pessoais acabou por provocar uma certa nega??o da proeminente carreira art?stica, em detrimento de valores mais elevados. Longe de morrer de amores pelo mundo do espect?culo, muitas foram as vezes que Tour? pensou em abandonar a vida de m?sico. Sentimento que se reflecte nas (?ltimas) rar?ssimas apari??es ao vivo, fora do seu ambiente natural: a aldeia de Niafunk?, situada na ponta do deserto do Sara e ao redor do Rio N?ger, onde n?o existe electricidade nem ?gua canalizada. A?, Ali Farka Tour?, pai de 11 filhos com 60 e muitos anos de idade, tem colocado o cultivo da terra acima da m?sica, investindo todo o dinheiro que conquistou com esta actividade (para ele) secund?ria em m?quinas agr?colas. Para quem sentia um certo desconforto em andar em sucessivas digress?es mundiais por perder a ess?ncia da raiz, seria inevit?vel a grava??o de Niafunk? no ?lugar de origem desta m?sica – o Mali profundo?, registado por um est?dio m?vel que se alimentou de um gerador.
?Niafunk? ?, provavelmente, o grande ?lbum da vida de Ali Farka Tour? e um s?rio candidado a melhor ?lbum world da d?cada de 90. Se em ?Talking Timbuktu? a produ??o de Ry Cooder tinha criado uma maior amplitude sonora que ajudou ? constru??o de grandes can??es mais adocicadas ao ouvido ocidental, em ?Niafunk? assiste-se ao regresso ? terra e ? sonoridade (mais trabalhada ? certo) que primeiras grava??es que ?Radio Mali? (de 96) documentam. Um retorno de quem amadureceu a vis?o musical em palcos mundiais e de quem mexe na terra todos os dias. ?Niafunk? pode n?o possuir can??es t?o melodiosas quanto ?Talking Timbuktu?, mas ganha em autenticidade que se traduz n?o s? na forma mais audaciosa de Toure tocar guitarra, como nos m?sicos que o acompanham. Os calorosos coros femininos, os ritmos turbulentos das calabash, do djembe e das congas a fazer lembrar o lado r?tmico de uma Oumou Sangare, o som de transe do njarka (violino de uma corda), conduzem-nos a uma viagem de devo??o e embriaguez, transmitindo-nos toda a pureza do Mali profundo, onde os blues nasceram.

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