Galandum Galundaina – “Quatrada”
Açor (2015)
Numa altura em comemora 20 anos de existência, a grande instituição da música mirandesa Galandum Galundaina (GG) edita o quarto disco “Quatrada”. Pode parecer demasiado tempo para tão pouca produção discográfica, mas quer os instrumentos que constroem (dos pandeiros à rabel), quer os cada vez mais aprimorados arranjos, amadurecidos em cascos de carvalho, conferem aos GG uma sonoridade idiossincrática que vem sendo continuamente esculpida. Não deixa, por isso, de ser curioso compararmos a releitura de “Nós Tenemos Muitos Nabos” em 2015 (que abre “Quatrada”) com a de 2002 gravada em “L’Purmeiro”. Há ttun ttun (saltério basco), sanfona, dulzaina e rabel. Imenso bordão que confere aos GG uma dimensão Ibérica, esteticamente próxima de uns Xarnege ou Bidaia.
“Quatrada”, preserva e renova o repertório mirandês transmitido de mãe para filhos na família Meirinhos com extremo bom gosto e aponta baterias a hipotéticos novos caminhos a trilhar: “Tanta Pomba”, além de nos dar o prazer de ouvir Manuela Azevedo a cantar em Mirandês e de ter os Clã a encarregarem-se dos arranjos neste tema, parece conciliar os GG com o pop-rock, com a guitarra eléctrica e com os teclados (testados precocemente, antes da edição de “L’Purmeiro”).
Já “Bebe Vinho”, resgatado do tributo aos Peste & Sida editado há cerca de três anos atrás, torna muito apetecível a exploração de outras hipotéticas versões de punk-rock.
Que dizer de um dos temas extra, “Zé Pereira”, cantado em português em homenagem aos Zés Pereiras, onde sabe tão bem o regresso à fórmula original – gaita de foles mirandesa – caixa de guerra – bombo?
“Quatrada” é puro Galandum Galundaina vintage. Conservem-nos por, pelo menos, mais vinte anos.
PS: Os Galandum Galundaina actuam esta noite na 9ª edição do Folk Celta de Ponte da Barca