O suplemento de jornal diário de referência chegou a dá-los como certos na edição deste ano do FMM de Sines. Apesar de (já) não irem a esta mega-celebração das ‘músicas do mundo’, a SÉTIMA LEGIÃO volta a reunir-se, uma vez mais, para comemorar o 25º aniversário do bar Frágil (ao Bairro Alto, em Lisboa), esta quarta-feira, dia 20 de Junho.
Este é, como vem sendo habitual nos últimos tempos, um reencontro informal de velhos amigos, de veteranos que, volta e meia, aproveitam para matar saudades dos saudosos anos 80. Deixo-vos uma prosa de apreciação a um anterior encontro, no mesmo local, a 27 de Abril de 2005.
Sétima Legião no Frágil: A gloriosa dança dos heróis
Poderá um concerto que, não foi mais do que uma reunião de velhos amigos, despertar um forte sentimento nostálgico capaz de fazer-nos recuar (como se viajássemos numa maquineta inventada por H.G. Wells) vinte e pouco anos atrás, ao enigmático universo urbano depressivo britânico do início dos anos 80? Poderá um concerto em 2005 fazer-nos reviver, através de uma sucessão de flashes mentais, o prazer de colocar uma agulha no vinilo de “Movement” dos New Order? Aquele tempo em que a Motor (que ainda não era Bimotor), o Arco Iris, a One Off vendiam verdadeiras pérolas a preços exorbitantes? O Blitz no Dafundo – o camarada Pires estava mesmo ao meu lado – num corredor a perder de vista, mesmo ao pé do Auto Sport, produzido com máquinas de escrever manuais e a ostentar orgulhosamente uma Siouxsie na capa? O Som da Frente às quatro da tarde e os nossos dedos a carregarem insistentemente no rec + play do nosso gravador de cassettes? As edições da Fundação Atlântica?
Pode. Se a banda sem qualquer compromisso com a apresentação de um novo álbum, oferecer-nos aquilo com que eles mais se identificam. Isto é, um alinhamento curto (não mais de uma hora dividida por 12 temas), que privilegiou os momentos mais emblemáticos de um dos álbuns essenciais da história da pop portuguesa: “A Um Deus Desconhecido”.
O que importa se a bateria abafava os outros instrumentos, se o Abelho mal se podia mexer e não tinha espaço para gastar as suas pilhas alcalinas em intermináveis sprints? Se o Pedro Oliveira nunca disfarçou as suas deficiências na colocação de voz (habituámo-nos a ouvi-lo desta forma e seria muito estranho se ele aprendesse verdadeiramente a cantar)? Que gozo deu ouvir “Procession” dos New Order, “Ceremony” da Joy Division, “Downs” dos próprios – composição assumidamente inspirada nestes mitos de Manchester.Que gozo deu ver o bom gosto de Ricardo Camacho em certos momentos em que os teclados evocavam o teor etéreo de alguns dos projectos da Factory, além estes monstros sagrados, caso dos injustamente ignorados The Wake, as sanguíneas arrancadas de Gabriel Gomes, o incisivo baixo de Rodrigo Leão (a fazer lembrar não Bill Laswell, mas algumas das bandas do eixo 4AD, como os também injustamente esquecidos Low Life da Escócia), a troca de posições em “Sete Mares” (Gomes nos tecados, Camacho na Guitarra num verdadeiro momento punk rock britânico). Uma noite memorável complementada por um DJ que passou clássicos como “What Difference Does It Make” dos Smiths, “Spell Bound” de Siouxsie and The Banshees, e “Blue Monday” dos New Order. Que saudades da Jukebox da Rua do Diário de Notícias e dos primeiros anos de Incógnito.
alinhamento Sétima Legião | Frágil | 27 de Abril 2005:
Factor Humano
Porta do Sol
Além-Tejo
Downs
Ceremony
Procession
Partida
Manto Branco
Tango do Exílio
Noutro Lugar
Encore
Sete Mares
Glória