Reportagens

[reportagem FMM2007 #4] DON BYRON: entre o funk ‘blaxploitaxion’ e a soul da Mowtown

DON BYRON | FMM Sines 2007 | Porto Covo | dia 21 de Julho | meia-casa de início, bem composto no fim
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Uma das grandes virtudes do FMM de Sines, desde a sua existência até aos dias de hoje, tem sido o gozo pelo risco derivado quer da apresentação de inúmeros propostas ousadas, praticamente desconhecidas do grande público (até mesmo dos poucos melómanos que acompanham atentamente estas áreas), quer na colocação de projectos que comummente pensamos ficarem bem melhor alinhados na programação de um espaço fechado. Veja-se, por exemplo, a prestação de RABIH ABOUH-KHALIL no ano passado em pleno Castelo. Outra característica intrínseca a este FMM é a forma plural como as diversas expressões musicais que vão do rock ao jazz, aos blues, às músicas improvisadas são apresentadas em conjunto com as propostas do enorme caldeirão cada vez mais fundo (e sem fim) das músicas do mundo, visível desde a primeira edição em que os CLÃ e os CORVOS surgem lado a lado com OPUS ENSEMBLE, CARLOS MARTINS e CARLOS NUÑEZ.

O segundo dia deste festival de um mundo de músicas, exibiu o cartaz mais ecléctico das três noites de Porto Covo. Numa noite com temperatura mais agradável e com muito mais gente no recinto, DON BYRON serviu um “cocktail” musical de jazz, funk e soul, impensável em qualquer festival que se posicione no universo das músicas tradicionais. Só que, neste FMM, estes “desvios” têm conferido maior elasticidade à diversidade musical apresentada.

Num início de noite que evocou a memória de JUNIOR WALKER, a actuação de DON BYRON incisiva sobre o álbum “Do The Boomerang”, foi mais física e emocional do que demonstrativa das potencialidades técnicas do saxofonista nova-iorquino e do resto dos elementos que o acompanham. Aliás, o homem da noite pareceu mesmo ser o vocalista DEAN BOWMAN que se entregou de corpo e alma ao funk da casta “james-browniana”, chegando mesmo a interpretar o intenso e duro “There It Is”. Momentos viris, que poderiam figurar numa qualquer banda sonora da cinematografia “Blaxploitation”, que alternaram com a soul ternurenta e sensual evocativa dos anos de ouro da editora Motown.





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