Duas boas notícias: Déa Trancoso, ilustre representante da nova música tradicional do vale do Jequitinhonha (em Minas Gerais, Brasil) actua hoje em Lisboa, no Museu da Música (espaço situado na estação de Metro do Alto dos Moinhos), com Tabajara Belo; este espectáculo único de uma cantora que celebra 25 anos de carreira e é agraciada pelo carinho de Egberto Gismonti, insere-se no Circuito Cultural Lusófono que a Associação Cultural Etnia de Mário Alves tem implementado nos últimos anos e que conta com um lote de notáveis músicos (Cordas do Sol, Eyuphuro, Ferro Gaita, Djumbai Jazz, Lundum Ensemble e Aldo Milá e Sons do Tejo).
Déa Trancoso
Mineira de Almenara, com pai e mãe seresteiros, DÉA TRANCOSO tem 25 anos de carreira e cresceu ouvindo Nelson Gonçalves, Clara Nunes, Clementina de Jesus e a dupla Cascatinha e Inhana. Foi influenciada pelos violeiros, cantadores, congadeiros e foliões do Vale do Jequitinhonha, sua terra natal, onde começou a pesquisa de 12 anos que resultou no repertório do seu primeiro cd solo, o “Tum Tum Tum” (TUM TUM TUM Discos).
Déa participou, em 2002, do CD “O Violeiro e a Cantora” (Independente), a convite do compositor Chico Lobo. Neste CD, ela canta para violas que desfilam cinco afinações diferentes nos dedos do famoso violeiro, parceiro de Pena Branca e autor de boa parte do repertório, que inclui também clássicos como Um Violeiro Toca (Almir Sater e Renato Teixeira), Estradas do Sertão (João Pernambuco e Hermínio Belo de Carvalho) e Moda da Pinga (Laureano Bandeirante).
Vencedora do X Festivale (Festa da Cultura Popular do Vale do Jequitinhonha), com a canção “Tuíra” (Si Amaral e Celi Márcio), na cidade de Rubim, participou de trabalhos como a trilha do especial da REDEMINAS/TV “Palmeira Seca”, do CD que acompanha o livro “ABC da Música Brasileira”, de Jorge Fernando dos Santos (Editora Paulus). Em 2006, foi uma das atrações do show coletivo “Vozes do Vale”, no Grande Teatro do Palácio das Artes, em Belo Horizonte.
“Tum Tum Tum” propõe uma viagem às origens do samba, desde os fundamentos do Semba até as nuances que essa célula rítmica vinda do Congo e de Angola ganhou no Brasil, com viés para a religiosidade de cantigas vindas da cultura popular, especialmente as do Vale do Jequitinhonha: catimbós, folias de reis, cocos, batucões, acalantos, lundus, congos.
Em 2007, o disco recebeu quatro indicações ao “Prêmio TIM de Música Brasileira”, nas categorias de Melhor Cantora, Melhor Disco Regional, Melhor Projeto Visual e Cantora Voto Popular, concorrendo com Maria Bethânia, Chico Buarque, Daniela Mercury, Alceu Valença, Antônio Nóbrega, Margareth Menezes, entre outros.
O show “Tum Tum Tum” já passou por Fortaleza (Centro Cultural Banco do Nordeste), Belo Horizonte (Projeto Domingo no Museu – Museu de Artes da Pampulha, Projeto Stereoteca – Teatro da Biblioteca Pública, Projeto Conexão Vivo – Parque Municipal, Projeto BH Mostra BH – Teatro Marília, Projeto Viva a Praça “Cantoras Daqui”/BDMG Cultural), Cordisburgo (Semana Roseana 2007), Montes Claros (Festas de Agosto – Projeto TIM Tambores), Conselheiro Lafaiete (Primeiro Festival da Canção em LA), Bocaiúva (Festa do Milho/Festival da Canção), Governador Valadares (TIM Valadares Jazz Festival), Teófilo Otoni (Bicentenário de Teófilo Otoni – Cemig Cultural), Araçuaí (Festivale – Projeto TIM Tambores), Almenara (Quermesse de São João – Cemig Cultural), Rio de Janeiro (Teatro Rival Petrobras, gravando para o Programa Conversa Afinada/TV Brasil), São Paulo (SESC PINHEIROS – Teatro Paulo Autran, Projeto Saberes do Brasil – Espaço Cultural Brasil a Gosto), Cuiabá (Teatro do SESC ARSENAL).
Em 2008, Déa Trancoso foi convidada para a coletânea “Chill: Brasil 5”/Warner Music, com 32 cantoras da nova safra da música brasileira (Mônica Salmaso, Roberta Sá, Mariana Aydar, Jussara Silveira, Teresa Cristina, Fernanda Porto, Mart’nália, entre outras), organizada por Charles Gavin, baterista dos Titãs, lançado simultaneamente no Brasil, Europa, Japão e EUA.
Participa, ainda, da coletânea dos 30 anos do programa “Brasileiríssima”, produzida pela Rádio Inconfidência e Secretaria de Estado da Cultura de Minas Gerais, com os nomes mais significativos da música mineira atual (Tavinho Moura, Paulinho Pedra Azul e Wilson Dias, entre outros).
Em 2008, abriu o show do percussionista Naná Vasconcelos, dentro do projeto Festa da Música/Belo Horizonte, integrando uma programação com 60 nomes da música nacional e internacional (Arthur Moreira Lima, Benjamim Taubkin e América Contemporânea, Tita Parra, André Mehmari, Barbatuques, Wagner Tiso, Toninho Horta, entre outros).
Além disso, já dividiu o palco com Tabajara Belo, Cléber Alves, Pablo Souza, André Siqueira, Priscila Brigante, Serginho Silva, Valdênia Lavadeira (Coral das Lavadeiras de Almenara), Chico Lobo, Pereira da Viola, Tita Parra (neta da legendária Violeta Parra), Tadeu Franco, Carlos Farias, Wilson Dias, Ceumar, Suzana Sales, Gigante Brasil, Lelena Anhaia, Terno de Catopês de Bocaiúva, Marujada de Diamantina, entre outros.
Tabajara Belo
É violonista de destaque na cena musical de Minas. Dono de um estilo que abriga sólida formação erudita e grande fluência na música popular, vem trabalhando, em shows e gravações, com alguns dos mais importantes nomes da música mineira – Trio Amaranto, Marina Machado, Regina Spósito, Paula Santoro, Déa Trancoso, Alda Resende, Celso Adolfo, Chico Lobo, Beto Reis, Vander Lee e Wagner Tiso, entre outros. É bacharel em violão pela UFMG e Master of Guitar pela University of Arizona, nos Estados Unidos, onde também trabalhou como Teacher Assistant. Atualmente, é professor de violão da Universidade Federal de Ouro Preto. Tabajara Belo tem se apresentado em importantes festivais e projetos de música instrumental em Minas e no Brasil, como a Mostra Instrumental de Tatuí-SP, Projeto Prata da Casa-SESC Pompéia-SP, Projeto Música em Pauta de Curitiba, Festival de Inverno de Ouro Preto, Festival de Inverno de São João Del-Rei, Projeto Música de Domingo, Projeto Música no Museu, Projeto Quarta Doze-e-Trinta, Festival Festa da Música, Festival Novos Sons, Projeto Música Independente, entre outros. Já atuou como solista junto à Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, em disco ao vivo sobre a obra do compositor Tavinho Moura. Seu recém-lançado CD de estréia recria, em arranjos vigorosos, pérolas da canção brasileira de ontem e de hoje. Aclamado pela imprensa especializada(“…som de violão impecável.”- Revista Violão Pro; “…clássicos da música brasileira em versões com muita personalidade.” – Revista Guitar Player), o trabalho revela o violonista em plena forma, seja no diálogo improvisado com baixo e percussão em Frevo, de Gismonti, na elegância introspectiva de Vibrações(Jacob do Bandolim) ou no pulsar contagiante do samba de Garoto Lamentos do Morro. O sotaque harmônico mineiro fica nítido nas faixas Cruzada, tema de Tavinho Moura e na já popularizada Baião Barroco, do também violonista Juarez Moreira. Fechando o disco, Tabajara apresenta sua bela composição Choro do Cáctus, evidenciando suas múltiplas influências, que incluem desde Pixinguinha, Luiz Gonzaga, Guinga, até Astor Piazzolla. Recentemente, o músico conquistou o prêmio de Melhor Instrumentista da edição 2008 do BDMG Instrumental, concorrendo com mais de quarenta músicos de todo o estado de Minas.
Fonte: Associação Cultural Etnia