É com enorme tristeza que acabo de receber um email de Carlos Feixa, eterna voz-off do Festival Intercéltico do Porto dando conta da não realização da edição deste ano do FIP. Refere o autor do também mítico programa de rádio “Outras Músicas” que «O mais antigo festival de música da Invicta, é assim mais uma vítima da política anti-cultural Rui Rio. Segundo a mesma fonte, o projecto para a edição 2009, foi enviado para a Câmara do Porto/Porto Lazer em Outubro de 2008, não havendo até esta data qualquer resposta daquela entidade pelo que, dada a proximidade da data em que aquele festival se costuma realizar, a organização decidiu abandonar o projecto, aguardando que novos ventos eleitorais tragam outra frescura à política cultural da cidade e, quem sabe, o Intercéltico volte a ressuscitar.» A folk não merece a política cultural que temos no nosso país
Festivais
Festival Intercético do Porto: O fim definitivo?
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É lastimável, mas não sei se tem a ver só com o Rui Rio. Penso, aliás, que tem a ver com diversos factores. Desde logo, a crise financeira actual que atinge todas as câmaras; depois, o ano eleitoral que prevê três actos eleitorais, para os quais tem de haver “pão e circo” em abundância; e, finalmente, a política do PSD não ser muito diferente da do PS. Também em Lisboa, a vereação do António Costa acabou com o “África Festival” e resta saber se não acabará com mais festivais até ao Verão…
Desde quando é que o “folk” interessa aos políticos portugueses?
Bom dia Rui,
O quadro negro que pintas é, infelizmente, real. Este cenário alerta mais uma vez todos os promotores de festivais que têm de encontrar um modelo de financiamento que não seja dependente das câmaras (apesar de estas poderem contribuir para o «bolo»). Porque muda uma cor política, porque há redução no orçamento camarário ou, simplesmente, porque sim, um bom festival que ao longo dos anos deu uma imagem positiva de um determinado município, fidelizou espectadores de todo o país, de Espanha e não só, não pode acabar de forma abrupta (como foi o caso do África Festival ou, há uns 10 anos atrás, do Cantigas do Maio). É uma grande machadada em todo o esforço (financeiro e humano) efectuado nas anteriores edições.
A chave é mesmo esta: qual o modelo de financiamento ideal? É que, por exemplo, em Lisboa não podemos ter um África Festival que não cobra bilhetes pelo enormíssimo espectáculo de Ali Farka Touré e Toumani Diabaté e ter um Ritmos que cobra 15 ou 20 euros pelos Kal e Bratsch. Creio que toda a gente que assistiu aquela noite mágica do “monsieur le maire” (7000, 8000, 9000 pessoas?) pagaria de bom grado 20 ou 30 euros para o ver. Sines ou o Med de Loulé têm crescido cada vez mais em termos de público e apresentam cada vez melhor oferta musical, em parte, devido aos bilhetes cobrados. Isto é, seria impossível a ambas as câmaras apresentaram a qualidade e quantidade de artistas em ambos os cartazes se não obtivessem essas receitas.
abraço
Só mais uma achega à gratuitidade dos espectáculos. A noite de 24 para 25 de Abril é a altura em que quase todas as câmaras (sobretudo as de esquerda) oferecem um espectáculo aos seus munícipes. Óptimo. É bom ver toda esta agitação neste dia e não sabermos bem onde ir nessa noite (dado o excesso de oferta). Mas colocar uma artista como a Cristina Branco a apresentar “Abril” no meio de uma rua, entre dois prédios, com inúmeros carros estacionados que limitam o espaço do público e em que, durante a actuação, chegamos a ouvir um camião do lixo a recolher os contentores no fim dessa mesma rua, mostra que uma organização camarária de um evento e que pagou um bom cachet por ele, pode destruir um grande espectáculo.
Luis, se gostas de folk dá uma olhadela a estes amigos meus.
http://www.myspace.com/zamburiel
Só mais uma achega à gratuitidade dos espectaculos.
Por vezes chamam-me elitista. O facto dos espectaculos serem gratuitos tem algum de bom, pois permite que pessoas que não o iriam ver, ou porque não conhecem o artista, ou simplesmente porque não faz parte das suas prioridades ir ver um espectaculo desse tipo de musica se cheguem ao local e até desfrutem dele. Mas a minha experiencia diz-me, que muitas vezes, quase toda a gente vai porque é gratuito e depois quem quer mesmo ver, está cercado por varias pessoas que aproveitam o momento para conversar com os amigos que já não vêm há tempos (eu tambem converso durante um espectaculo, mas sobre o que estou a ouvir) impedindo quem quer ver e ouvir de o fazer. O preço nem que seja simbolico de 5 ou 10 euros por um espectaculo, obriga a ir ver o espectaculo e não a pô-lo na sua rota de passeio de fim do dia…
Já agora o MED é o maior festival! e o preço para os 5 dias é de 25 euros, espero que continue assim…
Beijinhos
Realmente as prioridades deste governo não passam pela CULTURA, apenas pela culturinha.
É triste mas é um facto.
Bjs