Concertos

Djumbai Jazz e Kimi Djabaté encontram-se de novo na ZDB

MAIO COOPE [DJUMBAI JAZZ]

A Galeria Zé dos Bois volta a promover o encontro entre dois dos mais distintos intérpretes do gumbé da Guiné Bissau: Djumbai Jazz de Maio Coopé e Kimi Djabaté.

A ZDB que comemora 14 anos de existência é uma espécie de segunda casa para muitos dos músicos guineenses que vivem na zona de Lisboa. Esta sexta-feira, dia 22 de Maio, recebe de novo os Djumbai Jazz de Maio Coopé que actuam conjuntamente com o griot mandinga, guitarrista e balafonista Kimi Djabaté.

Na apresentação deste espectáculo, a ZDB recupera um texto da autoria deste vosso escriba, publicado há quatro anos neste espaço. A festa de sexta não deverá andar muito longe do que a seguir se descreve (de referir apenas que há muito que já não existem os Tama Lá de boa memória, mas Kimi irá lançar em breve um novo disco a solo por uma editora norte-americana de renome: Cumbancha).

Depois de assistir à merecida ascensão internacional de Manecas Costa (o que é que este rapaz precisa para que, por cá, se olhe para ele?), fiquei agradavelmente surpreendido com os também guineenses Djumbai Jazz. Se outros grupos que optam por descarnar as raízes das suas tradições – Jovens do Hungu com o semba de Angola, ou Netos do N’Gumbe com o gumbe da Guiné Bissau – evidenciando fragilidades harmónicas, em detrimento do totalitarismo rítmico, os Djumbai Jazz conseguem equilibrar os dois pratos da balança. Maioritariamente constituído por músicos de origem griot, corre-lhes nas veias a música clássica, delicada e contemplativa da cultura milenar e nobre do império mandinga. Galisa é o principal encantador ao tecelar de forma virtuosa melodias de seda na sua kora. A ligação estética, melódica e técnica com tantos outros intérpretes – Toumani Diabaté, Ballaké Sissoko, Djeli Moussa Diawara, Mory Kante – é inevitável. Já na guitarra eléctrica de Sidi, reflecte-se o sol e a areia abrasadora e infinito espaço a céu aberto do deserto do Sahara, trazendo consigo toda a carga emocional dos blues dos nómadas – Tinawiren, Tartit – e do mestre Ali Farka Touré. Maio Coope, cantor e percussionista, vai dando uns safanões ao intimismo instalado, misturando e dançando ritmos frenéticos de gumbe, que o outro percussionista – Cabum – tão bem alimenta. Os elementos não estão sozinhos e há uma agradável interacção com outros músicos – Hugo Menezes em percussão, o irmão de Galisa, também Galisa (apelido familiar) inevitavelmente em Kora e Kimi Djabate. Este último, balafonista no projecto Tama La (necessário vê-los ao vivo urgentemente), salta, liberta largos sorrisos que se reflectem em toda a assistência, imprimindo um ritmo avassalador em “Ye Ke Ke”, próprio da highlife ganesa.

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