Reportagens

KIMMO POHJONEN: Clube de combate

Sons em Tr�nsito, Teatro Aveirense, 28NOV03

O in�cio n�o poderia ser mais prometedor. Uma viagem de cerca de meia-hora ao centro da terra, � gal�xia mais pr�xima, ao fundo do oceano. Composi��es sobre compisi��es que davam a sensa��o de se tratar de um espect�culo “ad infinitum”, sem pausas. A m�sica (?) que sai do fole crom�tico, amplificado e “loopado”, “samplado” e percutido pelo island�s Samuli Kosminen � feita de contrastes, como o universo visto pela sabedoria oriental milenar que ambos parecem advogar, ou n�o fossem trajados como verdadeiros samurais, sem sabre. A sua m�sica (?), dizia, oferece-nos o c�u e as trevas, granadas e cravos, o sol e a lua, a inquieta��o e a tranquilidade, a tradi��o e a improvisa��o, o yin e o yang. � feita de terrorismo sonoro e de harmonia, de momentos de uma interpreta��o plena de virtuosismo da folk finlandesa, que descamba de imediato em ru�do s�nico e em vozes possu�das por dem�nios, amplificadas por espasmos f�sicos do m�sico que tornam a sua actua��o t�o arrebatadora quanto arriscada. Se h� algum nome para descrever viol�ncia f�sica, sonora e visual, esse nome j� sabem qual �. A sua irrever�ncia, enorme capacidade em andar como um trapezista numa corda sobre um abismo, traz-nos ao nosso imagin�rio o momento em que num long�nquo ano de 80 e tal, Adolfo Lux�ria Canibal rasga inconscientemente com uma l�mina uma das pernas. Com Kimmo n�o foi t�o grave. No entanto, n�o evitou uma les�o no tornozelo que o impediu de realizar espect�culo seguinte em Moscovo. No site dele l�-se: “Dec 6: Moscow Russia – B2 (cancelled due to injury)”.
Mas um concerto de Kimmo Pohjonen � muito mais do que ver um experimentador do acorde�o secundado por um manipulador sonoro. O som “surround” e o jogo de luzes adquirem especial import�ncia. Os strobes apontados � assist�ncia violentam-nos. Sentimo-nos como se estiv�ssemos a desfrutar de um espect�culo de Fura dels Baus (o “Suz o Suz” na Estufa Fria). Leva-se com visceras e mais visceras na cara, ficamos com a roupa toda molhada, mas sa�mos dali satisfeitos. Kimmo n�o vai t�o longe. Mas a sua atitude em palco, combinado com os sons que extrai do seu acorde�o e os efeitos visuais, proporcionam-nos a sensa��o de termos sido linchados, sem necessidade de limparmos um pingo de sangue ou de reparar uma costela que seja. Quando � que � o pr�ximo combate?

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