O Teatro São Luiz volta a receber, entre os dias 25 e 27 de Novembro, mais uma edição do Festival Lisboa Mistura, organizado pela Associação Sons da Lusofonia do saxofonista Carlos Martins, que promove o encontro entre várias culturas e comunidades da grande Lisboa (e não só).
Este ano, a primeira noite será inteiramente dedicada a Marrocos com a música espiritual gnawa de Hamid El Kasir e com a sessão de djing de Azzdine Berhillia.
No sábado, a celebração multicultural lisboeta começa (como sempre) bem cedo, ao início da tarde com “A Nossa Voz” (no Jardim de Inverno) Fadomorse, Cacique 97 e uma mais uma nova grande “mistura” Lis-Nave, ao início da noite, este ano com Samuel Úria, Márcia, Pinto Ferreira e Virgem Suta, para além de Omiri e DJ Makossa (ao fim da noite).
No Domingo realiza-se mais uma festa Intercultural tendo como ponto forte o espectáculo de dança e gamelão “Ygistragong”.
As actividades no Jardim de Inverno são de entrada gratuita. Os espectáculos da sala principal custam 10€ por dia, 15€ dois dias e 20€ três dias.
Programa completo:
SEXTA, 25
19H30: ABERTURA (JI)
21H30: HAMID EL KASIR (SP)
22H30: DJ AZZEDINE BERHILIA (JI)SÁBADO, 26
16H00: A NOSSA VOZ (JI)
17H00: FADO MORSE (SP)
18H00: DOCUMENTÁRIO “DAMAIA FILME MAKING PROJECT” (JI)
19H00: CACIQUE 97 (SP)
20H00: A NOSSA VOZ (JI)
21H30: LIS-NAVE COM: SAMUEL ÚRIA+ MÁRCIA, PINTO FERREIRA E VIRGEM SUTA (SP)
23H30: OMIRI (JI)
00H15: DJ MAKOSSA (JI)DOMINGO, 27
16H30: FESTA INTERCULTURAL (JI)
18H30: YOGISTRAGONG (SP)(JI) JARDIM DE INVERNO (SP) SALA PRINCIPAL
lisboa mistura 2011
Lisboa Mistura é um espaço de debate e de celebração que surgiu em 2005, fruto da necessidade de criação de um fórum intercultural na cidade de Lisboa. Alegra-nos o facto de termos inspirado outros eventos que fazem um trabalho complementar ao nosso. Muitos mais deveriam brotar desta maravilhosa oportunidade criada pela diferença e curiosidade. E todos devemos trabalhar para a construção do ‘espaço’ comum. A vivência entre culturas e mundos diferentes é tão importante para a harmonização evolutiva da vida conjunta como o talento ou a tecnologia. Todos os anos criamos pontes entre as comunidades que habitam a Grande Lisboa e os públicos de dentro e fora da cidade. Os elencos que temos mostrado, nacionais e internacionais, amadores e profissionais, são uma prova da vitalidade criativa que surge dos encontros e celebrações que a cidade inspira. Acreditamos que o Lisboa Mistura virá futuramente para a rua, alargar o seu público, com performances e outras formas de representação da diversidade social e cultural de Lisboa como uma grande ‘praça pública’ do Mundo.Vivemos nestes dias (como há muito vivemos) vizinhanças em que há um desconhecimento íntimo. Somos próximos geograficamente e historicamente mas com a nossa falta de curiosidade e excesso de televisão, desconhecemos culturas que divergiram estruturalmente de nós ao longo do séc. XX, mesmo que mantenhamos contactos desde há mais de 500 anos… Isto acontece ao nível de vizinhanças urbanas, à volta de Lisboa por exemplo, e de países. Sobre as primeiras o Lisboa Mistura e a Associação Sons da Lusofonia têm trabalhado ao longo dos últimos 15 anos. No que diz respeito às segundas vizinhanças, de países, quisemos relembrar a todos que a capital mais próxima de Lisboa é Rabat, inaugurando esta edição com a Noite de ‘Marrocos em Lisboa’.
O programa dos seguintes dias é pautado pela celebração da vida multicultural nacional com projectos de grande nível performativo e de produção. Projectos como Fado Morse, Cacique 97 e Lisnave (Samuel Uria e Márcia; Pinto Ferreira e Virgem Suta) mostram a transversalidade de influências da cultura portuguesa e a riqueza que daí advém. Como é habitual, há espaço para uma mostra de talento jovem, através da apresentação do CD ‘A Nossa Voz’, do Projecto Escolhas e do documentário ‘A Realidade na Tela’, fruto do Projecto Damaia Film Making. Acabamos o Lisboa Mistura com a incontornável Festa Intercultural, a que se segue a ‘Viagens Exóticas – Gamelão e Dança’, um projecto liderado pela percussionista inglesa Elizabeth Davies, que conta com a participação especial da bailarina Indiana Lajja Sambhavnath. Elizabeth e Lajja são dois exemplos no feminino de como é benéfico para Lisboa manter na vida cultural da cidade emigrantes com nível performativo muito alto.
Convidamos todos, mais uma vez, a assistir a uma grande peça, com dramaturgias variadas, em que ‘nós’ somos os protagonistas. É um convite irresistível que Lisboa vos faz quando mostra o que de melhor e alternativo habita ao nosso lado, na cidade ou num país, nos vizinhos que por vezes desconhecemos intimamente.
Carlos Martins
Associação Sons da Lusofonia
Noite ‘Marrocos em Lisboa’
“No mundo em que vivemos, a diferença cultural é sinónimo de riqueza, mas não é menos sinónimo de descriminação e muitas vezes de incompreensão.” Neste sentido, foi feito um convite à Embaixada do Reino de Marrocos em Lisboa – que foi prontamente aceite pela Senhora Embaixadora – para participarem no Lisboa Mistura. O objectivo é celebrar a relação com os nossos vizinhos do Mediterrâneo e o que de comum nos aproxima, os laços de amizade que há tanto nos fascinam mutuamente e que se sobrepõem às questões religiosas, politicas ou socioculturais. “A arte, em todas as suas variações, é uma das muitas janelas que os nossos dois países se comprometem a abrir, o mais rapidamente possível”.Hamid El Kasri
Hamid El Kasri tem uma voz poderosa e conseguiu estabelecer-se como uma verdadeira referência da música Gnawa marroquina. Graças ao seu perfeito entendimento e domínio deste estilo musical espiritual, Hamid El Kasri desenvolveu a mistura perfeita entre a música Gnawa do Norte e Sul de Marrocos, imprimindo um novo estilo com esta fusão. A sua música deriva do folclore marroquino, apresentando canções com nuances religiosas, interpretadas com emoção e eloquência. Sendo ele próprio descendente de uma longa linhagem ligada à música Gnawa, a sua filha de 13 anos também já colabora no seu repertório, procurando transmitir a sua herança cultural. Entre outras colaborações, Hamid El Kasri surge na compilação de 2007 “Gnawa House Songs” e no dueto de 2010 com Cheb Khaled, com a música “Mimoun”.Dj Azzedine Berhilia
Azzedine Berhilia faz parte dos Darga, um dos mais importantes grupos musicais da cena musical contemporânea de Marrocos. Darga é conhecido pela sua originalidade e fusão musical, com influências tão distintas como o reggae, gnawa, funk, rock, ska, ragga, dub ou jazz. Assim, podemos esperar um set de música bastante eclético, cheio de ritmo e energia, com a música árabe como ponto de partida.CD ‘A Nossa Voz’
No ano em que se comemoram os 10 anos do Programa Escolhas e o Ano Internacional da Juventude, o Lisboa Mistura apresenta ao vivo e na íntegra o cd “A Nossa Voz” com as participações dos projectos vencedores do concurso de jovens talentos: Ana Cabral, K-One, Sena 1 MC, Key Money, Redrum, SoulJah, 2aRegra, Skill i9, Zé di Piku, Mentes Em Progresso, Manga Del, Sally.Documentário ‘Realidade na Tela’
O projecto Damaia Film Making Workshop, dinamizado pela Associação Máquina do Mundo em parceria com a Embaixada dos E.U.A em Portugal, ofereceu a possibilidade a 12 jovens (entre os 15 e os 19 anos de idade) de desenvolverem as suas competências nas áreas da comunicação, imagem e produção de vídeo. Entre os dias 22 de Agosto e 2 de Setembro, Jared Katsiane (realizador dos E.U.A.) apresentou um workshop que resultou num documentário, desenvolvido pelos jovens participantes no workshop, intitulado ‘Realidade na Tela’, no qual estão espelhadas as percepções e inquietações destes jovens, perante a realidade que há tanto conhecem, mas que gostariam de ver alterada.Fadomorse
Os Fadomorse celebram treze anos de música genuinamente embebida nas raízes portuguesas e no expoente contemporâneo da sonoridade do mundo. Como prenda, um novo disco de originais ‘ Magala Invisível’, que os conduz a um concerto singular com estreias absolutas e o revisitar do lado mais conceptual da sua arte sonora.Cacique 97
Os grandes percussores dos Afrobeat em Portugal encerram a tour do seu primeiro disco homónimo com este concerto, e apresentam alguns dos temas do próximo algum de originais. Este colectivo Portugal/Moçambique apresentará ainda uma homenagem, juntamente com alguns convidados especiais, ao Zé da Guiné, figura incontornável da interculturalidade de Lisboa.Lis-Nave
Quatro artistas da vaga de grupos e cantautores da nova música portuguesa apresentam-se em concertos intimistas, misturando influências e canções: Samuel Múria e Márcia em duo acústico, seguidos dos Pinto Ferreira e dos Virgem Suta que vão cruzar vozes, instrumentos e canções num espectáculo único especialmente concebido para o Lisboa Mistura.Omiri
Omiri é, acima de tudo, remix, a cultura do século XXI, ao misturar num só espectáculo práticas musicais já esquecidas, tornando-as permeáveis e acessíveis à cultura dos nossos dias, isto é, sincronizando formas e músicas da nossa tradição rural com a linguagem da cultura urbana. Com recolhas de imagem realizadas por Tiago Pereira, transformadas e manipuladas em tempo real, servindo de base para a composição e improvisação musical de Vasco Ribeiro Casais.Irmãos Makossa
Da amizade nasceu o nome Irmãos, da paixão pela música, surgiu Makossa e juntos, Paolo e Nelson formam os Irmãos Makossa. Do Afrobeat à Marrabenta, do Soukous ao Funk, passando pelo caloroso Semba e sem esquecer o Samba, dança e alegria são sempre bons motivos para uma grande festa!!!Festa Intercultural
O Lisboa Mistura apresenta o tradicional encontro de culturas, que este ano contará com a participação de grupos oriundos da Ucrânia, Índia, Guiné e Brasil, entre outros, numa festa para todas as idades, pautada pelo humor de Jel, o ‘homem da luta’, como Mestre de Cerimónias.Viagens Exóticas – Gamelão e Dança
Trata-se de um espectáculo inédito, que oferece ao público a possibilidade de sentir o sabor de uma viagem exótica e cativante, entre a Indonésia (Ilha de Java), a Índia e o Ocidente, através da música, imagem e dança. Tudo isto vai criar um espectáculo único, misturando nesta viagem duas culturas orientais com a cultura ocidental. Uma fusão cheia de poesia e linguagem corporal e musical, uma ponte entre culturas e pessoas. Yogistragong é um grupo Lisboeta de Gamelão de Java, dirigido por Elizabeth Davis e que neste espectáculo contará com a colaboração da bailarina Lajja Sambhavnath e da Compania de Dança Diana Rego.