A cidade de Évora parece ser durante os dias mais próximos a capital portuguesa da cultura. Para além do Festival de Música Sagrada (que se realiza até dia 6 de Julho), os eborenses assistem, durante os meses de Julho e Agosto, às várias manifestações culturais africanas através da 9ª edição do Festival Escrita na Paisagem.
Mais logo é inaugurado o ciclo de concertos África Move, no Largo de São Vicente de Évora.
O Festival Escrita na Paisagem chega à 9ª edição com o tema cosmopolíticas. Tema complexo e de extrema actualidade, permite situar a criação artística contemporânea entre o Alentejo e o mundo, entre a condição local e o apelo global.
As relações entre as culturas portuguesa e africana ganharam forma e centralidade inequívocas, atravessadas pela inquirição sobre as identidades e as diferenças, sobre os processos de cruzamento e miscigenação, sobre, enfim, uma história que se partilha e anda mal resolvida nos planos ideológico e político, mas cujos frutos no campo artístico, e sobretudo no campo musical, são inquestionáveis: a música de raiz africana respira nas várias gerações de criadores musicais dos séculos XX e XXI em Portugal, seja pela circulação de protagonistas, seja pela indústria discográfica e da difusão musical, seja pelas profundas influências que as relações históricas potenciaram (entre os limites do período colonial, a circulação que as independências geraram e as contaminações que o mundo global continuamente (re)faz).
A abrir um espaço à ‘transnacionalização’ o Escrita na Paisagem, em parceria com Mural Sonoro, apresenta África Move, o programa de todas as quartas-feiras, dedicadas à música, no Largo de São Vicente, em Évora. Nove quartas-feiras e onze concertos a não perder!
Dia 4 de Julho, estão os Skolah Bedja. Miguel Gomes, da Associação Gaita de Foles de Portugal, músico de gaita de foles e percussões, e Sebastião Antunes, Mestre da Quadrilha e músico de guitarra, bouzouki, bandolim, bandoleta, percussão, flauta e tin whistle, a abrir o programa numa noite dedicada à multi-instrumentalidade.
Dia 11 de Julho vamos ouvir Bilan. Filho de uma família de músicos cabo-verdianos reconhecidos, o contacto com a cidade e uma certa saudade das ilhas da Morabeza, passam para a sua estética e execução sonora/musical. Segundo Bilan, a sua música “reforça uma miscigenação de estilos e influências mostrando, dentro da música urbana, um outro lado de viagem e de diáspora, banhado pela língua crioula e os contornos da ’sabura’ “.
Múcio Sá e Francesco Valente tocam no dia 18 de Julho. Nascido no Brasil (Bahia) Múcio é um músico/instrumentista, que manuseia instrumentos como Mandolim, Ukelele, banjo, baixo, guitarra portuguesa. Francesco Valente, de conjuntos como os Terrakota ou Orquestra Todos, é também um multi-instrumentista, embora frequentemente o ouçamos e vejamos mais ligado ao contrabaixo.
O Dj Leo Leonel, chega ao Largo de São Vicente no dia 25 de Julho. Nascido no Rio de Janeiro, é um apaixonado da música e trará a sua visão ao festival Escrita na Paisagem, num set preparado para o efeito, onde cruzará de forma natural a ‘lusofonia’ com a ‘cultura pop global’. Da ‘tradição à modernidade’, expressões dele.
No 1º dia de Agosto, o festival recebe Cacique 97, o colectivo luso-moçambicano que dispensa apresentações e já marcou presença em prestigiados festivais. Há na sua música uma influência evidente do universo das percussões tradicionais/típicas da região em que assenta a música que produzem. Como os ‘yoruba’, ou estilos locais, como o ‘highlife’ e ‘juju’. Há as mesmas influências que se juntaram ao ‘afro-beat’ de uma época, como o ‘reggae’, o ‘jazz’, a ‘soul’ e ‘funk’.
Dia para ouvir ainda Selma Uamusse, a voz de Gospel Collective, Movimento, Wraygunn e solista nas suas interpretações em tributos, como o recentemente feito a Nina Simone que irá apresentar em Évora.
No dia 8 de Agosto vamos ouvir o grupo brasileiro em digressão por Portugal, Bemba Trio com um conjunto de músicas originais.
E no dia 15 de Agosto o duo Irmãos Makossa, composto por Nélson e Paolo, o italiano e o angolano que encerraram o Festival Músicas do Mundo do ano que passou num ambiente contagiante. A cruzar raízes como poucos, os Irmãos Makossa são uma espécie de ‘autodidactas da procura de raridades’.
A noite de 22 de Agosto é para ouvir o set do Dj Tiago Angelino, com sons que vão da ‘África Portuguesa’ (Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe) à ‘África Negra’ (como o Mali).
Dia 29 de Agosto marca a última quarta-feira de ‘África Move’ no festival Escrita na Paisagem, com o percussionista Marco Fernandes introduzido pelo músico e compositor Jaime Reis, na apresentação da obra percussion and tape commissioned by Frankfurt Ballet, dance entitled “Walking Music”, para dois percussionistas. Noite em que vamos poder voltar a ouvir mais oDj Tiago Angelino, a encerrar com o imperativo: dançar!
‘África Move’ de 4 de Julho a 29 de Agosto, no Festival Escrita na Paisagem.
Colecção B, Associação Cultural
Estrutura Financiada por:
Governo de Portugal
Secretário de Estado da Cultura
Direcção-Geral das Artes
Câmara Municipal de Évora (Festival Terras do Sol, InAlentejo 2007-2013, União Europeia)
Fundação Eugénio de Almeida
Raios!!! Bilan outra vez em Évora num dia que não estou!!!!
Vou espreitar muitos dos outros
Já agora, não há critica ao MED deste ano?
Olá Amália,
não te podes queixar de não haver aí oferta cultural. Tomara eu na minha área de residência.
a crónica do MED está a marinar, deve sair durante o fim de semana.
bjs