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SEKOUBA BAMBINO | Aula Magna

sekouba.jpgMais logo, a Aula Magna Recebe a uma hora pouco comum (19h30) um dos mais distintos cantores de etnia Mandinga. SEKOUBA BAMBINO DIABATÉ, nascido numa família griot do nordeste da Guiné Conacri (perto da fronteira com o Mali), notabilizou-se como uma das vozes da instituição BEMBEYA JAZZ. Grupo de baile promovido monetária e politicamente durante os anos 60 e 70 pelo presidente Sekou Touré. Conjuntamente com a ORCHESTRA BAOBAB do Senegal, a BEMBEYA JAZZ foi uma das principais lanças em África na promoção da música de baile feita em África, largamente contaminada por ritmos cubanos. SEKOUBA BAMBINO colaborou mais recentemente com outro dos grandes projectos de salsa nova-iorquina “made in” Senegal: AFRICANDO. Razões mais do que suficientes para não perder a actuação deste griot, ao fim da tarde.

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  1. O PERCURSO De DR HUGO JOSÉ AZANCOT DE MENEZES

    Hugo de Menezes nasceu na cidade de São Tomé a 02 de fevereiro de 1928, filho do Dr Ayres Sacramento de Menezes.

    Aos três anos de idade chegou a Angola onde fez o ensino primário.
    Nos anos 40, fez o estudo secundário e superior em Lisboa, onde concluiu o curso de medicina pela faculdade de Lisboa.
    Neste pais, participou na fundação e direcção de associações estudantis, como a casa dos estudantes do império juntamente com Mário Pinto de Andrade ,Jacob Azancot de Menezes, Manuel Pedro Azancot de Menezes, Marcelino dos Santos e outros.
    Em janeiro de 1959 parte de Lisboa para Londres com objectivo de fazer uma especialidade, e contactar nacionalistas das colónias de expressão inglesa como Joshua Nkomo( então presidente da Zapu, e mais tarde vice-presidente do Zimbabué),George Houser ( director executivo do Américan Commitee on África),Alão Bashorun ( defensor de Naby Yola ,na Nigéria e bastonário da ordem dos advogados no mesmo pais9, Felix Moumié ( presidente da UPC, União das populações dos Camarões),Bem Barka (na altura secretário da UMT- União Marroquina do trabalho), e outros, os quais se tornou amigo e confidente das suas ideias revolucionárias.
    Uns meses depois vai para Paris, onde se junta a nacionalistas da Fianfe ( políticos nacionalistas das ex. colónias Francesas ) como por exemplo Henry Lopez( actualmente embaixador do Congo em Paris),o então embaixador da Guiné-Conacry em Paris( Naby Yola).
    A este último pediu para ir para Conacry, não só com objectivo de exercer a sua profissão de médico como também para prosseguir as actividades políticas iniciadas em lisboa.
    Desta forma ,Hugo de Menezes chega ao já independente pais africano a 05-de agosto de 1959 por decisão do próprio presidente Sekou -Touré.
    Em fevereiro de 1960 apresenta-se em Tunes na 2ª conferência dos povos africanos, como membro do MAC , com ele encontram-se Amilcar Cabral, Viriato da Cruz, Mario Pinto de Andrade , e outros.
    Encontram-se igualmente presente o nacionalista Gilmore ,hoje Holden Roberto , com o qual a partir desta data iniciou correspondência e diálogo assíduos.
    De regresso ao pais que o acolheu, Hugo utiliza da sua influência junto do presidente Sekou-touré a fim de permitir a entrada de alguns camaradas seus que então pudessem lançar o grito da liberdade.

    Lúcio Lara e sua família foram os primeiros, seguindo-lhe Viriato da Cruz e esposa Maria Eugénia Cruz , Mário de Andrade , Amílcar Cabral e dr Eduardo Macedo dos Santos e esposa Maria Judith dos Santos e Maria da Conceição Boavida que em conjunto com a esposa do Dr Hugo José Azancot de Menezes a Maria de La Salette Guerra de Menezes criam o primeiro núcleo da OMA ( fundada a organização das mulheres angolanas ) sendo cinco as fundadoras da OMA ( Ruth Lara ,Maria de La Salete Guerra de Menezes ,Maria da Conceição Boavida ( esposa do Dr Américo Boavida), Maria Judith dos Santos (esposa de um dos fundadores do M.P.L.A Dr Eduardo dos Santos) ,Helena Trovoada (esposa de Miguel Trovoada antigo presidente de São Tomé e Príncipe).
    A Maria De La Salette como militante participa em diversas actividades da OMA e em sua casa aloja a Diolinda Rodrigues de Almeida e Matias Rodrigues Miguéis .

    Na residência de Hugo, noites e dias árduos ,passados em discussões e trabalho… nasce o MPLA ( movimento popular de libertação de Angola).
    Desta forma é criado o 1º comité director do MPLA ,possuindo Menezes o cartão nº 6,sendo na realidade Membro fundador nº5 do MPLA .
    De todos ,é o único que possui uma actividade remunerada, utilizando o seu rendimento e meio de transporte pessoal para que o movimento desse os seus primeiros passos.
    Dr Hugo de Menezes e Dr Eduardo Macedo dos Santos fazem os primeiros contactos com os refugiados angolanos existentes no Congo de forma clandestina.

    A 5 de agosto de 1961 parte com a família para o Congo Leopoldville ,aí forma com outros jovens médicos angolanos recém chegados o CVAAR ( centro voluntário de assistência aos Angolanos refugiados).

    Participou na aquisição clandestina de armas de um paiol do governo congolês.
    Em 1962 representa o MPLA em Accra(Ghana ) como Freedom Fighters e a esposa tornando-se locutora da rádio GHANA para emissões em língua portuguesa.

    Em Accra , contando unicamente com os seus próprios meios, redigiu e editou o primeiro jornal do MPLA , Faúlha.

    Em 1964 entrevistou Ernesto Che Guevara como repórter do mesmo jornal, na residência do embaixador de Cuba em Ghana , Armando Entralgo Gonzales.
    Ainda em Accra, emprega-se na rádio Ghana juntamente com a sua esposa nas emissões de língua portuguesa onde fazem um trabalho excepcional. Enviam para todo mundo mensagens sobre atrocidades do colonialismo português ,e convida os angolanos a reagirem e lutarem pela sua liberdade. Estas emissões são ouvidas por todos cantos de Angola.

    Em 1966´é criada a CLSTP (Comité de libertação de São Tomé e Príncipe ),sendo Hugo um dos fundadores.

    Neste mesmo ano dá-se o golpe de estado, e Nkwme Nkruma é deposto. Nesta sequência ,Hugo de Menezes como representante dos interesses do MPLA em Accra ,exilou-se na embaixada de Cuba com ordem de Fidel Castro. Com o golpe de estado, as representações diplomáticas que praticavam uma política favorável a Nkwme Nkruma são obrigadas a abandonar Ghana .Nesta sequência , Hugo foge com a família para o Togo.
    Em 1967 Dr Hugo José Azancot parte com esposa para a república popular do Congo – Dolisie onde ambos leccionam no Internato de 4 de Fevereiro e dão apoio aos guerrilheiros das bases em especial á Base Augusto Ngangula ,trabalhando paralelamente para o estado Congolês para poder custear as despesas familhares para que seu esposo tivesse uma disponibilidade total no M.P.L.A sem qualquer remuneração.

    Em 1968,Agostinho Neto actual presidente do MPLA convida-o a regressar para o movimento no Congo Brazzaville como médico da segunda região militar: Dirige o SAM e dá assistência médica a todos os militantes que vivem a aquela zona. Acompanha os guerrilheiros nas suas bases ,no interior do território Angolano, onde é alcunhado “ CALA a BOCA” por atravessar essa zona considerada perigosa sempre em silêncio.

    Hugo de Menezes colabora na abertura do primeiro estabelecimento de ensino primário e secundário em Dolisie ,onde ele e sua esposa dão aulas.

    Saturado dos conflitos internos no MPLA ,aliado a difícil e prolongada vida de sobrevivência ,em 1972 parte para Brazzaville.

    Em 1973,descontente com a situação no MPLA e a falta de democraticidade interna ,foi ,com os irmãos Mário e Joaquim Pinto de Andrade , Gentil Viana e outros ,signatários do « Manifesto dos 19», que daria lugar a revolta activa. Neste mesmo ano, participa no congresso de Lusaka pela revolta activa.
    Em 1974 entra em Angola ,juntamente com Liceu Vieira Dias e Maria de Céu Carmo Reis ( Depois da chegada a Luanda a saída do aeroporto ,um grupo de pessoas organizadas apedrejou o Hugo de tal forma que foi necessário a intervenção do próprio Liceu Vieira Dias).

    Em 1977 é convidado para o cargo de director do hospital Maria Pia onde exerce durante alguns anos .

    Na década de 80 exerce o cargo de presidente da junta médica nacional ,dirige e elabora o primeiro simpósio nacional de remédios.

    Em 1992 participa na formação do PRD ( partido renovador democrático).
    Em 1997-1998 é diagnosticado cancro.

    A 11 de Maio de 2000 morre Azancot de Menezes, figura mítica da historia Angolana.

  2. COMITÉE DE LIBERTAÇÃO DE S. TOMÉ E PRINCIPE
    (C.L.S.T,P.)

    COMITÉ DE LIBERTATION DE SAN THOME COMMITTEE TO LIBERTATION OF
    ET PRINCIPE. SAINT THOMAS AND PRINCIPE.

    B.P. 489
    LIBREVILLE
    8/4/62

    CARO HUGO

    Recebi ontem o teu telegrama que nos deixou um pouco confusos.

    No entanto agimos imediatamente no sentido de partir o mais depressa possível, “ mesmo sem croas”.
    A minha deslocação neste momento é de todo impossível. Penso que imensas coisas se passam em Leopoldina e no mundo, coisas que, em consequência das limitações materiais e condicionalismo político aqui, temos ignorado quase por completo.
    A malta de resto, pôr te a ao corrente. Creio e temos de encarar outra saída . Não sei quando poderei passar por aí, mas sinto que é necessário.
    Peço-te e a malta que dêem ao Onet e ao Carlos ajuda se alguma dificuldade surgir ,no plano político, pois que no plano económico eles necessitarão indubitavelmente.
    Com muitas dificuldades ,conseguimos obter passagens, mas acontece que o Onet deve seguir, de preferência, directamente para Lagos. Se vos for possível cobrir a diferença entre Brazzaville – Lagos e Brazzaville – Libreville, seria óptimo .
    Cá por casa ,tudo mais ou menos bem , além da escassez de massas, devido ao custo ,incrivelmente alto de vida.

    Já cá temos o D. Mikas ( Suiny- Patrice….. Trovoada)

  3. Todos sobreviventes de CONACRY, políticos, intelectuais, familiares, historiadores e interessados deveriam criar uma base de dados para reconstituir toda dinâmica que remonta dos anos 50 até aos anos 60.

    Há uma tendência de minimizarem o nacionalismo oriundo da Guinée Conacry que envolveu a criação, fundação de partidos e movimentos de libertações.
    O papel relevante da mobilização e outras actividades com repercussão internacional em prol da libertação pelos movimentos de libertação nos territórios sob dominação Portuguesa.
    Os historiadores contemporâneos ou todos os intervenientes, estudiosos e interessados na importância da génese do nacionalismo libertário supostamente honestos e sérios deveriam congregar esforços para reconstituir toda essa dinâmica.
    Deveria ser criado um banco de dados onde seriam não só lançados dados úteis como doações de espólios.
    Esta cooperação permitiria uma credibilização e reposição valorização de uma das etapas tão nobres do nacionalismo tão genuíno como as outras.
    Deveria haver uma preocupação de interligar todos centros de pesquisa histórica para restituir a verdadeira grandeza de Conacry reconstituindo a sua génese.
    A s vozes dos nacionalistas se vão apagando e a história continua a não testemunhar a verdadeira dinâmica.
    Será que o MPLA como força política acompanhará todas as consequências da globalização?
    Todos esses processos de desenvolvimento serão compatíveis com a essência nuclear vigente do MPLA de hoje?
    Afinal o que é que separa os objectivos do MPLA de hoje em relação ao MPLA de Conacry?

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