Num ano em que comemora quarenta anos de existência, a Brigada Victor Jara, fundada em 1975, reedita no final do próximo mês de Março a discografia completa em CD, em formato de caixa comemorativa, que inclui 10 álbuns e um livro. Uma edição Tradisom, casa especializada em “peças de colecção” desta empreitada.
Antes da edição, esta instituição coimbrã lançou uma campanha de recolha de fundos (disponível em ppl.com.pt/pt/prj/brigada-vitor-jara-40-anos) por uma “questão financeira, devido aos custos elevados da edição”, mas também como uma forma de fazer “mexer as pessoas”, explicou à agência Lusa Arnaldo Carvalho, membro da Brigada desde 1977, ano da edição do primeiro álbum, “Eito fora”.
No sítio da campanha, quem apoiar com 40 euros recebe como oferta a edição comemorativa, a inclusão do nome como apoiante na edição, um poster autografado pelo grupo e uma garrafa de vinho do Porto, sendo que a oferta varia dependendo do contributo, que pode ir de 10 a 250 euros.
Com esta campanha, o grupo pretende angariar até 02 de março 7.500 euros, metade do orçamento para o lançamento da caixa comemorativa.
A edição comemorativa vai contar com um livro onde vão estar depoimentos de nomes como Manuel Freire, Janita Salomé, Vitorino ou Carlos do Carmo, um historial da Brigada e dos álbuns que lançou e ainda todas as letras das músicas que foram editadas.
A Brigada Victor Jara começou em 1975, na Lousã, quando jovens ligados à União dos Estudantes Comunistas (UEC) participavam na abertura de uma estrada, no âmbito das Campanhas de Dinamização Cultural do MFA.
Segundo Arnaldo Carvalho, o grupo fez “uma nova abordagem à música tradicional”, retirando-lhe a imagem criada pelo Estado Novo de “um povo pobre, mas feliz” e recuperando formas “mergulhadas na ignorância”, dando-lhe “uma roupagem urbana”.
Com essa alteração na forma de apresentar a música tradicional, a Brigada Victor Jara “conseguiu desmistificar junto da juventude que o canto tradicional era foleiro”.
Em 40 anos, a cooperativa, com sede em Coimbra, viu “mais de 40 músicos” passarem pelo grupo, que, tendo a sua “génese na política” e “intervenção na sua atitude”, explorou a variedade da música tradicional, em que as vivências dos artistas que por lá passaram se refletem no caminho seguido, explanou Luís Garção, membro que entrou em 1981.
“Num país tão pequeno, há diferenças rítmicas, vocais e instrumentais” que foram exploradas pelo grupo, que acabou por criar “uma miscelânea” dos diferentes registos tocados e cantados de norte ao sul do país, incluindo também instrumentos não tradicionais, contou.
De 1977 a 2006, editaram “Eito fora”, “Tamborileiro”, “Quem sai aos seus”, “Marcha dos foliões”, “Contraluz”, “10 anos a cantar Portugal”, “Monte Formoso”, “15 anos”, “Danças e folias”, “Por sendas, montes e vales” e “Ceia louca”.
Para além da caixa comemorativa, o grupo pretende ainda fazer uma série de espetáculos pelo país e lançar uma fotobiografia no fim de 2015.
Fonte: Lusa