Reportagens

TÉADA: clássicos irlandeses com classe [parte 3]

TEADA
OISÍN MAC DIARMADA e DAMIEN STENSON – TÉADA | © Nélson Silva

TÉADA | Intercéltico do Porto| Cinema Batalha | 27 de Abril | Sala Cheia
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Muito poucos serão aqueles que se lembram da passagem pelo nosso país dos irlandeses TÉADA, há três anos atrás. Nessa altura, o quarteto (que agora é quinteto) efectuou (pelo menos no Funchal) um espectáculo algo frágil revelador da tenra idade dos seus executantes. Em três anos, o projecto do violinista OISÍN MAC DIARMADA (que tem actualmente 26 anos de idade) ascendeu de forma galopante à principal montra da ‘folk’ irlandesa. Arrisco mesmo dizer que os TÉADA são actualmente um dos jovens grupos mais interessantes nascidos em território irlandês. O terceiro disco lançado o ano passado, “Inné Amárach” é de longe o melhor trabalho do quinteto. Totalmente instrumental, contrariamente aos dois anteriores discos em que OISÍN canta com pouca convicção. Há também a integração no projecto de um novo flautista, DAMIEN STENSON, oriundo de Sligo (a terra natal de OISIN e dos afamados DERVISH) e o aprofundar não só da música tradicional da sua localidade rural de origem, como também a revisitação de algumas danças clássicas já interpretadas por gente ilustre como BOTHY BAND, MATT MOLLOY e PLANXTY. “Inné Amárach” (traduzido de gaélico para inglês dá qualquer coisa como “Yesterday Tomorrow”) os TÉADA exploraram ainda o filão da música da diáspora irlandesa a viver nos Estados Unidos no início do Sec. XX prestando homenagem ao Capitão Francis O’Neill (chefe de polícia em Chicago que recolheu e editou milhares de temas irlandeses em solo americano). É com este profundo sentido de respeito pela velha tradição, pelos antigos executantes das danças (jigs, reels, polkas) de Sligo, que os TÉADA estão a tornar-se num super-grupo da folk irlandesa. Além de estarem agora a dominar na perfeição as constantes mudanças rítmicas de um “set” e de actuarem como uma banda coesa, extremamente entrosada em que os músicos ora entram, ora saem de cada “tune”, sem darmos por eles funcionando como um bloco homogéneo, há também espaços para o virtuosismo de cada executante. OISÍN MAC DIARMADA concentra-se agora só no violino e fá-lo com invejável mestria. Quando mete a ‘sexta-velocidade’ e o faz acompanhado pelo flautista DAMIEN STENSON e pelo acordeonista PAUL FINN, vem-nos à memória aqueles automatismos e virtuosismos dos músicos dos DERVISH, dos PATRICK STREET. E a grande vantagem dos TÉADA sobre estes dois “monstros” é que a sua mortífera execução ainda não se tornou demasiado mecânica e algo distante do público. E se o cinema Batalha foi mau para quem esteve em cima do palco, por causa dos constantes “feedbacks” foi muito bom para aproximar as bandas da audiência. E esta comportou-se à altura de alguma da melhor da folk irlandesa.

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