Reportagens

LŰMEN: “Esta é para dançar” [parte 2]

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CRISTINA CASTRO e FLÁVIO MARTINS – LŰMEN | © Nélson Silva

LŰMEN | Intercéltico do Porto| Cinema Batalha | 27 de Abril | Sala Cheia
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Sem desprimor para CRISTINA BACELAR, o melhor que poderia ter acontecido aos LŰMEN foi a inclusão da vocalista CRISTINA CASTRO, há já cerca de um ano (ainda antes de a banda lançar o álbum “Fogo Dançante”). O radiante e constante sorriso ilumina tanto os músicos que estão em cima do palco como aqueles que estão ao redor dela na plateia em saudável convivência a assistirem ao resto das bandas em cartaz. Coisa rara de ver… um conjunto de músicos a prescindir do “descanso” do ‘backstage’. Se “Fogo Dançante” é um bom disco de canções originais portuguesas com arranjos de intensos aromas “celtas” (e algum tempero árabe e ska) que, aqui e ali se arrasta um pouco, ao vivo os LŰMEN são um poço sem fundo de energia. Quando, inevitavelmente, a cada tema que passa, FLÁVIO MARTINS nos diz que “esta é para dançar”, surge a dúvida: haverá algum momento para estarmos quietos?

O folk-rock extremamente dançável do LŰMEN atinge o zénite no antológico, simplicíssimo e divertido “Ska Celta” que convoca para o baile os MADNESS e os POGUES. Apesar de raramente gostar de ver uma bateria (prefiro muito mais qualquer tipo de percussão) num projecto deste tipo, realça-se a versatilidade de MIGUEL BAIA (que além de fugir à tentação dos ritmos quadrados, não abafa os restantes instrumentos), o contínuo “groove” no baixo de FLÁVIO MARTINS e a força à bruta deste quando passa para as percussões em “Escuta a Redondilha”.

Neste caso, são as gaitas-de-foles transmontanas do gaiteirinho druida RICARDO COELHO e do convidado ANDRÉ VENTURA (RONCOS DO DIABO) que trazem toda a rudeza e alegria das danças de Miranda. Não é à toa que chamo druida ao RICARDO desde os tempos dos ARREFOLE. Ele é um dos mais tecnicistas e criativos “aerofonistas” do nosso país. Dá gosto vê-lo em palco trocar constantemente de instrumento (tin-whistle / gaita galega. / gralha) em “A Noite dos Deuses”. Mais discreta, a acordeonista HELENA SOARES parece passar ao lado, mas a sua notável destreza de dedos habituados a rapidez do corridinho algarvio, a vontade de improvisar (pena que só tenha umas tiradas à MARIA KALANIEMI – controladamente – em “Airiños”) criam ainda maior balanço a esta máquina bem oleada que encaixa os temas de forma a criar um contínuo crescendo até ao arrebatamento final, exigindo do público os devidos aplausos para um inevitável “encore”. Mais do que merecido.

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