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Disco do Dia: Segue-me à Capela – “San’joanices, Paganices e Outras Coisas de Mulher”

Segue-me à Capela – “San’joanices, Paganices e Outras Coisas de Mulher”

Tradisom (2016)

Definitivamente, este é um ano de regressos de alguns dos mais singulares e representativos nomes da música tradicional portuguesa de quem há muito esperávamos novo disco.

O septeto vocal feminino Segue-me à Capela que se dedica à recreação a capella de cancioneiro popular recolhido por M. Giacometti, J.A. Sardinha, E.V. de Oliveira e GEFAC, celebra este ano 17 anos de existência com a edição do segundo álbum “San’joanices, Paganices e Outras Coisas de Mulher”. Uma edição em formato CD-livro de luxo (como tem sido hábito nas edições da Tradisom) com belíssimas ilustrações de Pedro Sousa Pereira e um alinhamento temático muito bem arrumado por canções de embalar, de trabalho, de folia, de prece e de encomendação das almas.

Um disco que apresenta uma formação renovada, sem a anterior mentora Cristina Martins, que combina a experiência e saber de Catarina Moura (a inconfundível voz da Brigada Victor Jara), Mila Bom, Margarida Pinheiro e Maria João Pinheiro com a frescura vocal de Ananda Fernandes, Joana Dourado e Sílvia Franklin, cuja direcção musical foi partilhada entre as Segue-me à Capela e o multi-instrumentista e produtor João Balão.  

“San’joanices, Paganices e Outras Coisas de Mulher” é um obra consistente e inovadora, interpretada irrepreensivelmente (em uníssono ou a solo) que demonstra todo o carinho que estas sete mulheres do centro do país nutrem pela música popular em pleno sec. XXI. Preservam e cuidam da herança e trilham novos caminhos, quer através de temas originais como “Ovelhudas” escrita por Amélia Muge, quer através de inesperados arranjos de, por exemplo, “Minha Roda Está Parada”. Sempre com as antenas ligadas, mas os pés bem assentes na terra, tira-se o chapéu ao lado exploratório destas vozes ao entrar pela cultura sefardita  (belíssimas versões de “Senora Novia” e “Hija Mia”) e ao recriar com a instituição mirandesa Galandum Galundaina  “Ua Bielha e um Bielho” dos galegos Ardentía.

PS: As Segue-me à Capela inauguram hoje em Porto Covo da edição de 2016 do FMM Sines

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