Concertos

Koras, griots e blues’n’gumbe à solta (hoje e sexta-feira)

Os griots guineenses andam aí. IBRAHIM GALISSÁ, virtuoso tocador de Kora, apesar de não ter actuado há uns dias atrás com KIMI DJABATÉ no AMAC do Barreiro, volta à loja de discos Trem Azul, hoje ao fim-da-tarde (19h30), para mais uma sessão de improviso com o contrabaixista de jazz RACHIIM AUSAR-SAHU.

Esta sexta-feira, o mesmo IBRAHIM GALISSÁ da kora mágica, actua com os DJUMBAI JAZZ na galeria Zé dos Bois, em formato reduzido com MAIO COOPE (cabaça, voz e dança), SIDI (guitarra eléctrica) e CABUM (djembe). Este mesmo quarteto actuou há três anos atrás, no mesmo local, e o espectáculo foi descrito neste espaço da seguinte forma:

Depois de assistir à merecida ascensão internacional de Manecas Costa (o que é que este rapaz precisa para que, por cá, se olhe para ele?), fiquei agradavelmente surpreendido com os também guineenses Djumbai Jazz. Se outros grupos que optam por descarnar as raízes das suas tradições – Jovens do Hungu com o semba de Angola, ou Netos do N’Gumbe com o gumbe da Guiné Bissau – evidenciando fragilidades harmónicas, em detrimento do totalitarismo rítmico, os Djumbai Jazz conseguem equilibrar os dois pratos da balança. Maioritariamente constituído por músicos de origem griot, corre-lhes nas veias a música clássica, delicada e contemplativa da cultura milenar e nobre do império mandinga. Galisa é o principal encantador ao tecelar de forma virtuosa melodias de seda na sua kora. A ligação estética, melódica e técnica com tantos outros intérpretes – Toumani Diabaté, Ballaké Sissoko, Djeli Moussa Diawara, Mory Kante – é inevitável. Já na guitarra eléctrica de Sidi, reflecte-se o sol e a areia abrasadora e infinito espaço a céu aberto do deserto do Sahara, trazendo consigo toda a carga emocional dos blues dos nómadas – Tinawiren, Tartit – e do mestre Ali Farka Touré. Maio Coope, cantor e percussionista, vai dando uns safanões ao intimismo instalado, misturando e dançando ritmos frenéticos de gumbe, que o outro percussionista – Cabum – tão bem alimenta. Os elementos não estão sozinhos e há uma agradável interacção com outros músicos – Hugo Menezes em percussão, o irmão de Galisa, também Galisa (apelido familiar) inevitavelmente em Kora e Kimi Djabate. Este último, balafonista no projecto Tama La (necessário vê-los ao vivo urgentemente), salta, liberta largos sorrisos que se reflectem em toda a assistência, imprimindo um ritmo avassalador em “Ye Ke Ke”, próprio da highlife ganesa.

É uma pena estes rapazes estarem em Portugal. Vão para Londres, para Paris! Conheçam o Ian Anderson, a Lucy Duran e o Nick Gold. Aqui não se safam. E vocês merecem entrar no circuito europeu de festivais de músicas do mundo.

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