Discos

GALANDUM GALUNDAINA: “QUE SEIA UN EISITO I 1 PURMEIRO DE MUITOS I BUONOS, CHENOS D’ALMA”

GALANDUM GALUNDAINA
1 PURMEIRO
Emiliano Toste / Mundo da Can??o

Para o bem e para o mal, as Tierras de Miranda continuam bem longe das principais redes de estradas nacionais e a piscar o olho ao vizinho de Arag?o, onde ? semelhan?a desta zona raiana transmontana est? enraizada a tradi??o da fraita (flauta pastoril de tr?s orif?cios) e tamboril, tocado em simult?neo. Ir de Lisboa a Miranda do Douro ? uma verdadeira aventura de pelo menos seis horas de viagem que, apesar de tudo, vale a pena ser feita. O planalto transmontano ? deslumbrante. A riqu?ssima cultura, apesar vetada ao esquecimento do poder central, tem sido o baluarte da identidade de um povo culturalmente homog?neo, que tem o desplante de falar uma outra l?ngua: o mirand?s (at? existe blogue sobre o assunto). S?o os benef?cios da interioridade, que t?m preservado um fil?o precioso de gaiteiros, tamborileiros e vozes sexagen?rias e septuagen?rias, oportunamente registadas em suporte digital pela editora Sons da Terra de M?rio Correia. ? profus?o de antigos mestres de cerim?nias, tem-se assistido ao interesse crescente dos jovens m?sicos pela recupera??o das mais enraizadas cultura mirandesa. No epicentro de todo este crescente orgulho regional vis?vel no rosto de uma nova gera??o de m?sicos, encontram-se os Galandum Galundaina, secundados por Lenga Lenga e pelo grupo de ?rock agr?cola com mentalidade de tractor? Pica Tomilho. M?sicos de altos estudos e professores de m?sica, os Galandum Galundaina exibem todo o r?stico e pastoral de composi??es cantadas em mirand?s e tocadas com gaita de foles transmontana, tamboril, caixa de guerra, conchas de Santiago e castanholas. Em bom tempo perceberam que n?o iam a lado nenhum com as experi?ncias mais jazz?sticas de hotel, de h? uns cinco anos atr?s. Depois disso, o quarteto recuperou o seu lado genu?no e de excelentes animadores de rua (dois dos seus maiores trunfos), apostando em regar a raiz, tornando-se mais forte e consistente, do que a querer ser a folha de pl?tano que dura apenas uma Primavera. ?1 Purmeiro? demonstra que os Galundum se encontram agora numa encruzilhada. Depois deste ?lbum, ser? dif?cil criar um novo registo sonoro que n?o soe um pouco como uma sequela. Apesar de tudo, prefiro v?-los e ouvi-los neste registo, de prefer?ncia nas arribas do Douro e em cima de um burro.

N?s tenemos muitos nabos

N?s tenemos muitos nabos
a cozer nua panela,
nun tenemos sal nien unto
nien presunto nien bitela
Mirai qu’alforjas, mirai qu’alforjas
uas mais lhargas, outras mais gordas
uas de lhana, outras de stopa
Ls chocalhos r?gen, r?gen
ls carneiros alh? ban
an chegando a Ourri?ta Cuba
ls carneiros bulberan.
Mirai qu’alforjas, mirai qu’alforjas
uas mais lhargas, outras mais gordas
uas de lhana, outras de stopa.

Nota: Durante os dias 30 de Julho e 1 de Agosto, no arranque de mais uma edi??o do Festival Interc?ltico de Sendim, ter? oportunidade de descobrir as Terras de Miranda por aldeias, caminhos e estradas mouriscas e ouvir os Galandum Galundaina, montado num asininolocal, que acabou de merecer a protec??o da Comunidade Europeia (parab?ns pelo seu trabalho engenheira zoot?cnica Lu?sa Sam?es). O programa est? dispon?vel no s?tio dos Galandum Galundaina .

Previous ArticleNext Article

3 Comments

pt_PTPortuguese
pt_PTPortuguese

Send this to a friend