Discos

As Dan?as Ocultas no Pulo do Lobo

pulsar.gifDesde o in?cio se percebeu que, ao recuperarem a concertina, as Dan?as Ocultas iriam dignificar o instrumento. Dar-lhe o valor que merece. ? de homem. Fazer apenas e s? m?sica a partir deste instrumento e explorar, consequentemente todas as suas caracter?sticas, como se fosse um construtor que sabe qual o tipo de pele e de madeira a utilizar. Exercitar o som do ar do fole como se fosse percutido. Integrar uma concertina-baixo constru?da para o efeito. Vaguear por um repert?rio universal, que tanto tem de tradicional como de cl?ssico ou pop. Que tanto soa a Portugal, como a Norte da Europa, Norte de ?frica ou Am?rica Latina.

Ao elegerem o italiano Riccardo Tesi como uma das suas influ?ncias ? que boa mem?ria tenho de um espect?culo deste italiano com o franc?s Patrick Vaillant no Ra?zes do Atl?ntico e do consequente bel?ssimo texto de Fernando Magalh?es ? as Dan?as Ocultas, mais do que tentar reinventar qualquer legado tradicional, assumem-se como alquimistas na arte do improviso. ? semelhan?a dos polacos Kroke e de outros colectivos n?rdicos (Accordion Tribe oblig?), s?o mestres na arte de jogar com a imprevisibilidade, com o espa?o e com o meio ambiente. Com a suavidade e a for?a, com o sil?ncio e a cacofonia (se bem que quase nunca cheguem a este extremo), a tristeza e a alegria, o ser introspectivo e o ser expansivo. Todas as semelhan?as e os contrastes do universo numa ambival?ncia perfeita extra?da dos foles.

?Pulsar? ? muito mais do que ?Ar? (o seu anterior registo). ? pular o Pulo do Lobo, com todos os riscos inerentes. ? saber dar um salto seguro para a frente, sabendo o ch?o em que se vai pisar. ?, de facto, um regresso extremamente feliz este das Dan?as Ocultas. De longe, o melhor ?lbum do quarteto de concertinas de ?gueda. Espero que desta vez n?o os comparem aos Madredeus. Quem o voltar a fazer, nunca conseguir? perceber que as Dan?as Ocultas fizeram mesmo um grande e distinto disco. E que ? o ?nico projecto da folk lusitana, al?m int?rpretes de fado, com a consist?ncia necess?ria para poder varrer a maior parte dos festivais de folk e de jazz da Europa e restante mundo ocidental.

[continua]

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