Reportagens

[reportagem FMM2007 #2] DARKO RUNDEK & CARGO ORKESTAR: canções de pecado e salvação


DARKO RUNDEK & CARGO ORKESTAR | FMM Sines 2007 | Porto Covo | dia 20 de Julho | bem composto
4,5estrelas.gif
O que é que faz com que a sérvia Tatjana de 42 anos, nascida em Belgrado, tenha visto à volta de sete concertos (em várias cidades da Europa) de DARKO RUNDEK com a sua CARGO ORKESTAR num espaço de um ano e tenha estado também em Porto Covo a cantar todas as canções deste croata? O que é que faz com um músico de voz sumida e arrastada, de ar sombrio, denso, que carrega às costas toda a tristeza do universo, consiga criar uma grande empatia com um público que não entende uma palavra de servo-croata? À beleza nostálgica de um exilado apátrida (que se fixou em França devido à guerra civil na Jugoslávia) que nos remete um pouco para o universo decadente, pós apocalíptico, mas luminoso de BORIS KOVAC, há imensa classe e sabedoria na forma como RUNDEK e a sua orquestra abordam os seus poemas e as suas composições.

Quem conhece algumas das canções (gravadas em estúdio) de “Mhm A-Ha Oh Yeah Da-Da” interpretadas em Porto Covo, como “Slick Señorita”, “Ne Okreci Se” e o próprio tema-título, facilmente se surpreende com a dimensão que estas ganham em cima do palco. Dois croatas, um bósnio, um franco-bósnio, um francês, um franco-suído e um franco-português, podem soar demasiado a europeu, mas a própria Europa é um poço de diversidade. Além das referências óbvias aos Cárpatos, aos Balcãs, a música de Rundek é toda ela nómada. Viaja com os ciganos de leste rumo à frança manouche. Apanha o transatlântico e navega em mares caribenhos onde a secção de sopros (onde pontifica o trombonista e dançarino que fala português MANU FERRAZ) altera a rota para águas do ska e do jazz cubano. Mais do que as referências geográficas, há uma libertinagem criativa, sobretudo nos experimentalismos e nos solos inflamados da (ou será do?) violinista ISABEL. Músico que maior empatia criou com o público e que arrancou dos mais rasgados aplausos. Mecerem voltar com uma certa urgência a um anfi-teatro.


ISABEL

MANU FERRAZ

fotos (c) Mário Pires

Previous ArticleNext Article

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado.

pt_PTPortuguese
pt_PTPortuguese

Send this to a friend