É, mais uma vez, a loucura para decidir o que fazer nas noites de 24 e 25 de Abril. São os dias em que os cantores de intervenção (que ainda resistem) limpam o pó às suas guitarras. São os dias em que muitas das autarquias lá abrem os cordões à bolsa (fora da época de campanha eleitoral) para lembrar, pelo menos uma vez no ano, as conquistas e as virtudes democráticas de Abril (que parecem esquecidas ao longo do ano).
Sines
Como é hábito, a Autarquia de Sines apresenta o cartaz mais suculento. Na noite de 24, a Avenida da Praia, palco habitual das sessões after-hours do FMM de Sines até ao sol raiar, recebe o colectivo galego feminino Malvela, o mestre do bandolim Júlio Pereira (que intercala repertório de Zeca Afonso com temas de “Geografias” e clássicos como “Miradouro”) e a galega-mais-portuguesa Uxia Senlle que edita no próximo mês o álbum “Eterno Navegar” que conta com um notável lote de convidados lusófonos.
No dia 25, na Antiga Estação de Caminhos-de-Ferro, às 18h00, é inaugurado o Serviço de Música da Escola das Artes de Sines com dois pequenos espectáculos de música clássica, com Ana Paula Rodrigues (canto) e jazz, com o Vasco Agostinho (guitarra), João Maurílio (piano), Paulo Perfeito (trombone), Rui Teixeira (saxofone) e Zé Eduardo (contrabaixo), Manuela Lopes (voz) e Sónia Cabrita (bateria). À noite, o Centro de Artes de Sines apresenta a estreia em Portugal de um espectáculo de humor que reúne um actor e apresentador de televisão galego – Carlos Blanco – e o guitarrista guineense Manecas Costa. Em “Humor Neghro” o duo aborda com música e humor o fenómeno das migrações no mundo contemporâneo.
A 26, também no Centro de Artes, há ainda a fusão da música tradicional com o vídeo e as novas tecnologias pela mão dos Chuchurumel de César Prata, Julieta Silva e Tiago Pereira.
S.I.R.E.N.E.S. de Estarreja
O muito activo Cine-Teatro de Estarreja aproveita o balanço da «revolução dos cravos» para levar a cabo a primeira edição do festival S.I.R.E.N.E.S., (Soluções Irreverentes Revelam Ao Espectador Novos Estilos Sonoros). Diz o comunicado à imprensa que “os nomes que fazem parte do cartaz trazem uma revolução de sonoridades e musicalidades ’frescas’. Projectos que se afirmam como ‘pedradas no charco’ no marasmo do panorama musical mainstream”. Em dois dias exaltam-se qualidades dos artistas convidados como “a atitude de não se acomodarem e combaterem os ‘cânones’ estereotipados pela ditadura do airplay das rádios e do consumo fácil e imediato…” .
Na primeira noite, 25 de Abril, Jorge Cruz apresentará o disco “Poeira” na abertura do programa do S.I.R.E.N.E.S. Segue-se o fado transviado e risonho dos Deolinda e a percussão criativa no feminino com as Tucanas. No sábado, dia 26 de Abril, dá-se mais um encontro entre J.P. Simões os Couple Coffee de Luanda Cozetti e Norton Daiello. O S.I.R.E.N.E.S. encerra com Jacinta, que tem andado actualmente a apresentar o repertório do disco “Convexo” de tributo a José Afonso.
Paralelamente, o S.I.R.E.N.E.S., oferece ainda a exposição A Cor do Som Português, da autoria do fotógrafo Sérgio Neto baseada em reportagens fotográficas realizadas em vários palcos de Portugal ao longo dos anos de 2006 e 2007.
«Canções Revolucionárias» no Musicbox em Lisboa
Na Musicbox do Cais do Sodré em Lisboa, Ana Deus e Flak, Xana e Miguel Ângelo, Fernando Cunha e Olavo Bilac, Pedro Almeida e Pedro Puppe e João Neto, Tim e Vicente Palma, interpretam canções revolucionárias. De Beatles e Rolling Stones a Paulo de Carvalho e a José Mário Branco.
”20 Canções para Zeca Afonso” no CCB em Lisboa
Neste espectáculo concebido e dirigido por Rafael Fraga e João Paulo Esteves da Silva, “a raiz popular sempre presente na música de Zeca Afonso é recriada num contexto inovador que concilia as melodias das canções, os timbres característicos do trio de jazz que acompanha os instrumentos solistas e a ambiência subtil do quarteto de cordas, numa fusão única de universos musicais que se complementam e enriquecem”. Em palco “é recriada a raiz popular presente na sua música, num contexto inovador que concilia as melodias das canções” através das vozes de “Alexandra Ávila e de João David Almeida), dos timbres jazzísticos do trio de jazz (guitarra, baixo e bateria), que acompanha os instrumentos solistas (saxofone e piano) e da ambiência subtil do quarteto de cordas, numa fusão única. O repertório seleccionado inclui temas editados entre 1962 e 1987, fazendo uma viagem por uma parte significativa da obra de Zeca Afonso.”
Outros espectáculos a 24 de Abril
José Mário Branco | Theatro Circo | Braga
Cristina Branco | Baixa da Banheira
Sérgio Godinho | Comemorações do 25 de Abril | Barreiro
David Fonseca | Comemorações do 25 de Abril | Odemira
Kumpania Algazarra | Cine Teatro Joaquim d’Almeida | Montijo
A Naifa | Cine-Teatro João Mota | Sesimbra
Pedro Barroso | Praça do Geraldo | Évora
Banda Futrica | Programa “Viva a Música” da Antena 1 | Teatro da Luz | Lisboa
Couple Coffee | Parque da Cidade | Beja
Janita Salomé & Vitorino & Grupo de Cantadores do Redondo + Clã | Seixal
“Steel Drumming Toca José Afonso” & J.P. Simões | Teatro Aveirense | Aveiro
Terra D’Água de Davide Zaccaria com Maria Anadon, Joana Amendoeira e Nancy Vieira | Cine-Teatro São Pedro | Águeda
Fadomorse | Festas do 25 de Abril | Santa Iria da Azóia
Anonima Nuvolari | Teatro Municipal | Bragança
Quadrilha | Largo da Câmara | Aljustrel
Erva de Cheiro (“Que Viva o Zeca”) | Cine-teatro Florbela Espanca | Vila Viçosa
José Barros & Navegante | Jardim Municipal | Almodôvar
Canto da Terra | Cuba – Beja
Ronda dos Quatro Caminhos | Cine-Teatro Luísa Tody | Setúbal
Diabo a Sete | Comemorações do 25 de Abril pelo Ateneu de Coimbra | Centro Cultural D. Dinis | Coimbra
25 de Abril
Fausto | Praça Central | Vila Real Sto António
Terra D’Água de Davide Zaccaria com Maria Anadon e Joana Amendoeira | Cine-Teatro São João | Palmela
Couple Coffee & Trigo Limpo (“As Tamanquinhas do Zeca”) | ACERT | Tondela
Frei Fado d’el Rei (“Senhor Poeta”) | Teatro Virgínia | Torres Novas
Jacinta (“Convexo”) | Europarque | Santa Maria da Feira
Janita Salomé & Filipe Raposo & José Rui Martins (“A Voz e a Poesia”) | Auditório Municipal | Vila do Conde
Toque de Caixa | Fórum Cultural | Alcochete
Kumpania Algazarra | Maxime | Lisboa
Erva de Cheiro (“Que Viva o Zeca”) | Cine-teatro | Elvas
Jorge Palma | Odemira
Banda Futrica | Penela
Melech Mechaya | Centro de Artes e Espectáculos | Portalegre
Carlos do Carmo | TMG | Guarda
Sérgio Godinho | Queima das Fitas | Pav. Nerba | Bragança
Vitorino | Auditório Municipal | Portimão
Canto da Terra | Condeixa
Uxu Kalhus | Av dos Aliados | Porto
26 de Abril
Frei Fado d’el Rei (“Senhor Poeta”) | Moura
Jacinta (“Convexo”) | Cine-teatro | Estarreja
Erva de Cheiro (“Cantaremos Adriano”) | Estúdio Fénix | |Fafe
Camané | Cine-Teatro João Mota | Sesimbra
A Naifa | CAE | Portalegre
Canto da Terra | Valado de Frades
Jorge Palma | Fórum Cultural | Alcochete
Viviane | Semana Cultural Fonte Pequena | Alte
Toques do Caramulo | Cordinhã – Cantanhede
Anónima Nuvolari | Teatro | Vila Real
Atma, Complot, Blarmino, Mario Trovador | Grémio Lisbonense | Lisboa
Janita Salomé & Vitorino & Grupo de Cantadores do Redondo + Clã | Seixal
isto (salvo os Clã) é de ver, assim tipo cheque em branco
Olá Luis! Falta aí a interessante festa do Ateneu de Coimbra, no Centro Cultural D.Dinis, que evoca aspectos muito interessantes através dos Diaboa7…É a partir das 11 com a queima do fascismo…Ja ouviste o Kobzar dos Haydamaky? Só por isso mereciam mais uma visitinha este verão… ehehe!!! Grande Abraço e se n souberes por onde decidir aparece!
Olá Pedro,
Bons olhos te leiam. Janita e compa. é sem dúvida uma das propostas mais interessantes para hoje à noite, mas olha que os clã também não são nada de deitar fora. Sempre gostei muito da postura da Manuela Azevedo em palco e dos arranjos da maior parte dos temas, sobretudo o papel que o teclista tem em cozinhar sonoridades “lounge” (exóticas à Ursula 1000, Nicola Conte, etc) com o pop e o rock.
Hugo, obrigado pela sugestão. Já adicionei a data ao cardápio. Quando ao “Kozbar” já ouvi sim senhor. Melhor disco que o anterior. já o passei o tema 6 com voz de criança na terra pura.
abraços
Sei que já venho tarde para acrescentar uma informação acerca da festa no Ateneu de Coimbra, mas trata-se de uma informação válida para futuros concertos organizados pelo Ateneu, é que para além dos Diabo a 7 também há a registar o interessante projecto dos Rebimbómalho com os seus bombos e gaitas de fole, e que com a arruada na noite de 24 de Abril atrairam mais gente à festa, continuando a animar pela noite fora com o seu ritmo. A não esquecer.
Migas
Quanto aos Haydamaky e o seu novo disco Kozbar… sem palavras.
Depois de terem talvez dado o melhor concerto em Sines (isto do melhor é sempre pernicioso) em 2007, talvez este ano merecessem honras de palco principal.
Olá Miguel,
Se não foi o melhor (para mim está no top 10), foi seguramente o espectáculo de maior duração do fmm de sines (não sei se o do rachid taha foi ainda maior ou não). Deu gosto ver uma banda com uma atitude daquelas e sentia-se que estavam muito felizes por poderem ali estar a tocar. De facto, mereciam tocar este ano no Castelo.
abraço
Realmente quando se está tão aborvido na música que se está a ouvir não se dá pelo tempo a passar… nunca imaginei que os dois concertos a que te referes pudessem ter sido os mais longos, porque para mim eles bem que podiam ter continuado a tocar até cair de cansaço.
A felicidade dos Haydamaky em Porto Covo também se deverá em parte (na minha opinião) ao facto de eles praticamente só actuarem na Europa Oriental (sobretudo Alemanha, Polónia e ex repúblicas soviéticas) e ao ambiente sui generis e alma própria do festival de Sines. Já agora soubeste alguma coisa das reacções da banda a essa actuação (sem ser nas entrevistas oficiais que deram na altura)?
Abraço
Olá Miguel,
O vocalista de Haydamaky estava surpreendidíssimo com a organização do festival. Parece que nunca tinham tocado com condições tão boas. E atenção que estávamos em Porto Côvo, não no Castelo (onde as condições são obviamente muito melhores). Só tiveram azar de terem apanhado uma noite muito fria e húmida e de muita gente ter ido embora por causa disso. Os Deti Picasso também estavam bastante surpreendidos com toda a reacção do público, o local e a organização do festival.
O Rachid além de podre de bêbedo estava também nas núvens. Tinha recebido tudo aquilo que havia solicitado. Ficou felicíssimo com o champagne (e com outras coisas que não vale a pena referir). Viste o homem a chamar o Seixas ao palco, não viste?
Outra situação: Vi o barbudo dos Alamaailman Vasarat no final de outubro em Sevilha, um ano e tal depois de eles terem actuado em sines. O tipo lembrava-se perfeitamente de mim e deu-me um sentido abraço por ser a pessoa que o entrevistou na altura. Eles também dificilmente saem da escandinávia.
Pela amostra Sines marca qualquer um. Seja a um tipo como Rachid que deve recusar festivais importantíssimos por imposição de agenda, seja a bandas que não saem muito das suas redondezas.
De facto a Musica de Rabih Abou-Khalil é fantástica, Fantástica mas ainda pouco tocada entre nós. Aparecem tantos projectos a tocar jazz rock MPB mas ninguem a tocar os temas deste espantoso compositor.
Sou musico flautista econheço bastante bemos temas e toco-os mas tento em vão, à dois anos, encontrar parceiros para montar um projecto que faça justa homenagem a este compositor sobre tudo não encontro percussionistas à altura.
Se souberem de alguem que esteja defacto com a mesma ideia contactem-me por favor. danielromeiro@gmail.com
gostei do sit
um grande abraço
Rabih Abou-Khalil é fantástico!