Concertos

José Mário Branco com imensos amigos na Culturgest

Jos__M__rioBranco.jpgJosé Mário Branco apresenta hoje e amanhã na Culturgest o espectáculo “Mudar de Vida 2”. Depois de nos termos habituado a vê-lo nestes últimos tempos a sós com a sua guitarra, JMB volta a rodear-se de amigos como os Gaiteiros de Lisboa, José Luís Peixoto, Carlos Bica, Rui Júnior, Filipe Raposo, Guto Lucena, João Pires, Luís Morais, Jorge Vinhas e Joana Moser. Duas noites que poderão dar origem ao seu próximo disco.

“É uma atitude semelhante ao ‘FMI’, embora mais musicada. No ‘FMI’ a viola servia só de apoio para a palavra e para o ritmo da palavra. Este é um conceito mais musicado, mais orquestrado”, explicou à Lusa.

Também um resultado da idade, confessa o cantor. Contudo, “as ideias podem ter evoluído mas os valores são os mesmos. O texto não é aquela catarse, aquele vómito, e depois a necessidade do reencontro que aparece no ‘FMI’. É uma coisa mais radical mas com um discurso mais sereno. É o estado em que eu estou”, afirma.

O tema “Mudar de vida” foi já apresentado no Porto, mas o convite de Miguel Lobo Antunes, da Culturgest, possibilitou a realização do espectáculo também em Lisboa, o que à partida parecia difícil.

“Este concerto foi a oportunidade de fazer em Lisboa este tema. Tinha era de manter dois aspectos que no ‘Mudar de Vida’ são fundamentais: a rítmica tradicional e a parte coral”.

Para isso, José Mário Branco socorreu-se de “amigos de sempre”: os Gaiteiros de Lisboa. “Tinha de os convencer a serem parte do projecto. A relação foi sempre excelente e eles, para grande alegria minha, aceitaram participar neste espectáculo”.

Mas também subirão ao palco José Luís Peixoto, Carlos Bica, Rui Júnior, Filipe Raposo, Guto Lucena, João Pires, Luís Morais, Jorge Vinhas, Joana Moser e João Pires. Mais amigos de “viagem”.

Mas nem todos percorreram o mesmo caminho. O mundo mudou e as pessoas também. Será que, no mundo de hoje, a sua ‘Marta’ recusaria casar com ‘D. Gaspar’? “Depende de ela ser mais parecida comigo ou com o Pacheco Pereira e o Durão Barroso. Houve uma altura em que, juntamente com o Jorge Coelho e o Mariano Gago, andávamos a gritar coisas muito parecidas. A diferença é que uns desistiram e outros não. Mas está difícil dizer que não”.

A queda do Muro de Berlim não o afectou nas suas convicções, nem sequer terá sido uma surpresa. “Era de prever. Eu fiz parte de um grupo de pessoas saídas do PCP há muito anos, no contexto do conflito político-ideológico sino-soviético, que não tinham ilusões sobre o que se chamava o socialismo real da URSS e do seu bloco. Há muitos anos que não era socialismo nenhum mas uma forma diferente de capitalismo. Uma nova classe assumiu o poder e reformulou as relações capitalistas em função dos seus interesses”.

Agora é, na sua opinião, o mundo ocidental que passa por um fenómeno novo, em termos de pensamento político, mas parecido. “Sem revolução proletária ou bolchevique, está-se a dar uma tomada de poder por uma classe de gestores diferentes do capitalista tradicional: este tinha a propriedade individual do capital e aqueles têm a propriedade colectiva do capital”.

José Mário Branco não tem planos para a gravação de um disco de originais no breve prazo. Contudo, admite que “Mudar de vida” vai ser registado ao vivo e poderá depois ser editado. ” Se fizer algum disco, será a partir deste material dos concertos”, conclui.

fonte: Lusa

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