Os KLEZMATICS estão de parabéns. Depois de terem dado um excelente concerto há umas duas semanas na Culturgest, conquistaram um grammy na categoria de World Music contemporânea com o mais recente trabalho “Wonder Wheel”. Um álbum que evoca a memória de WOODY GUTHRIE (todas as canções são escritas por ele) enquanto residente em Coney Island, na famosa Mermaid Avenue (à qual BILLY BRAGG e os WILCO também criaram um álbum em memória deste ícone da folk americana), nos idos anos 40. Uma vivência em contacto com a cultura yiddish da sua madrasta, poeta e activista Aliza Greenblatt.
“Wonder Wheel” competia nesta categoria com “Tiki” de RICHARD BONA, “M’Bemba” de SALIF KEITA, “Long Walk To Freedom” de LADYSMITH BLACK MAMBAZO e “Savane” de ALI FARKA TOURÉ. De referir que se “Savane” tivesse conquistado este prémio, tornaria ALI FARKA TOURÉ no único músico africano a conquistar três grammys. “Talking Timbuktu” (com Ry Cooder) e “In The Heart of The Moon” (com Toumani Diabaté) são os discos do “deus” dos “blues do deserto” do Saara premiados com esta estatueta.
Entre as mais de 100 categorias a concurso, destacamos outros álbuns premiados:
- World Music tradicional
SOWETO GOSPEL CHOIR . “Blessed” - Folk tradicional
BRUCE SPRINGSTEEN – “We SHall Overcome: The Seeger Sessions”
- Folk Contemporânea
BOB DYLAN – “Modern Times”
- Música nativa norte-americana
MARY YOUNGBLOOD – “Dance With The Wind”
- Música havaiana
Vários Artistas – “Legends Of Hawaiian Slack Key Guitar”
- Blues tradicional
IKE TURNER – “Risin’ With The Blues”
- Blues contemporâneo
IRMA THOMAS – “After The Rain”
- Reggae
ZIGGY MARLEY .- “Love Is My Religion”
- Bluegrass
RICKY SKAGGS AND KENTUCKY THUNDER – “Instrumentals”
- Jazz contemporâneo
BÉLA FLECK & THE FLECKTONES – “The Hidden Land”
- jazz latino
THE BRIAN LYNCH / EDDIE PALMIERI PROJECT – “Simpático”
O título do teu “post” pode ser lido como um lamento por o “Grammy” não ter ido para o Ali…
Pessoalmente, fico muito contente por terem sido os “Klezmatics” a ganhar. Ainda bem que o prémio foi dado a alguém que está vivo.
o que me deixa contente é terem dado o grammy a quem consideraram melhor e não se deixarem levar por sentimentalismos num prémio que deve premiar a qualidade.
Espero que, da mesma forma, se tivessem considerado o Ali Farka melhor não lhe tivessem deixado de dar o prémio por isso.
Olá Rui,
O título do “post” também poderá ser interpretado como um reforço do feito dos Klezmatics já que levaram a melhor a um “deus”.
Pedro, quando ao melhor ou pior, isto é tudo muito subjectivo. Os grammys são prémios que servem para premiar, sobretudo, artistas americanos. Há não sei quantas categorias para consumo interno – havaiano, norteno, bluegrass, blues, não sei quantos sub géneros de country… o folk quer tradicional quer contemporâneo é também muito dominado pelos americanos. Quem é que ganhou este ano? Bruce Springsteen e Bob Dylan. Não contesto as suas vitórias que são merecidas, mas há um etnocentrismo muito grande aqui. Custava muito criarem uma terceira e quarta categoria de folk só para artistas europeus?