Jacob Edgar é um dos mais bem sucedidos editores discográficos da «indústria» da «world music». Ajudou a criar a imagem de marca da Putumayo, editora que se tem notabilizado pelas suas inúmeras compilações com belíssimas capas com desenhos manuais. Fundou a editora Cumbancha que está por trás do reconhecimento mundial do malogrado Andy Palácio do Belize enquanto estrela maior deste circuito.
Trabalho que fez com que está editora norte-americana conquistasse o prémio WOMEX no interior de um mercado dominado por etiquetas europeias. Recentemente, criou mais um novo modelo de negócio centrado em artistas que necessitam do primeiro grande e certo empurrão para entrarem no circuito. O selo Cumbancha Discovery é agora responsável por traçar o percurso certo para a carreira de Kimi Djabaté. Guineense residente em Lisboa que com a edição do álbum “Karam” estreou esta série de descobertas e promessas de Jacob Edgar.
– O que é que representa para si o actual modelo de editora da Putumayo, enquanto produtor de inúmeras compilações com um elevado trabalho gráfico? Pensa que o mercado das compilações estará sempre receptivo enquanto tiverem capacidade de efectuarem boas campanhas de marketing nos pontos de venda?
Ao longo dos anos, a Putumayo tem feito um trabalho fantástico em trazer a música internacional para lojistas não tradicionais. Mesmo hoje em dia, com o mercado do CD em declínio, a Putumayo continua a trabalhar bem nesses pontos de venda e penso que continuará a fazê-lo durante algum tempo. Contudo, temos a noção que eles necessitam por em prática novos modelos de negócio para se adaptarem às novas direcções da indústria musical e para capitalizarem a sua marca. A Putumayo tem estado a trabalhar no desenvolvimento do mercado da internet e do desenvolvimento de novos produtos.
Enquanto as compilações são fáceis de consumir, de alguma forma, porque não requerem um grande risco da parte do consumidor num artista que não conhecem, há benefícios para uma editora que lança artistas como a Cumbancha, relativamente à Putumayo. Por exemplo, a larga percentagem das receitas da Cumbancha provêm dos downloads. A Putumayo não está ainda adaptada para funcionar nesse modelo. Penso que as edições de discos de artistas podem funcionar em meios não tradicionais (como o caso da Starbucks tem demonstrado) porque é mais difícil fazer o público correr riscos com artistas que eles ainda não conhecem.
– Qual é o segredo do sucesso da Putumayo? Capas de discos bonitas que criam o desejo de coleccionismo no consumidor, ou boa música inexplorada que o consumidor sente vontade de conhecer?
Penso que as capas e a identidade da marca é muito importante. Também o facto de vendermos CD em meios não tradicionais em todo o mundo ajudou a editora a ganhar uma audiência mais larga. A Putumayo também tem sido mais consistente em termos de qualidade. Quem comprar uma compilação nossa sabe que irá gostar da maior parte dos temas.
– Porque é que decidiu fundar a Cumbancha? Estava cansado de só editar compilações? Porque sentiu a necessidade de desenvolver a carreira dos artistas com quem trabalha?
Gosto de trabalhar com compilações mas senti que estavam a perder-se oportunidades em não estarmos a trabalhar mais próximo dos artistas. Queria também estar mais envolvido na produção e na promoção de um álbum. Sentia que poderia contribuir para um maior sucesso dos artistas. Como já disse no passado, as compilações são como um namoro e assinar com os artistas é como estar casado. Queria comprometer-me com artistas de que conheço e gosto.
– o mercado da «world music» tem sido dominado, durante mais de 20 anos, por editoras europeias (sobretudo alemãs, fancesas, holandesas e belgas). Não é muito comum uma editora norte-americana conquistar o prémio WOMEX de editora do ano. O que é que isso significa para uns «outsiders» como vocês?
É muito gratificante para mim este reconhecimento por parte dos meus colegas da indústria musical. Como editora nova que somos, fiquei muito surpreendido e extremamente honrado. Penso que existem poucas editoras nos Estados Unidos que trabalham dentro desta área porque o mercado da «world music» nos Estados Unidos é muito mais limitado do que o europeu. Os media e os distribuidores de música na Europa estão muito mais abertos à música do mundo e, por isso mesmo, os artistas têm muito mais oportunidades de tocar ao vivo, de efectuarem digressões, na Europa do que nos Estados Unidos. A Cumbancha dispende mais energia na Europa porque reconheço a importância desse mercado para a minha editora e para os meus artistas. O sucesso que obtivermos na Europa ajuda-nos a ganhar reconhecimento nos Estados Unidos.
– Como é que conseguiram que um artista como Andy Palacio se tornasse numa grande estrela de nível mundial?
Bom. O segredo do Andy Palacio tem a ver com a sua grande música e a sua grande história. Interesso-me sobretudo por histórias de artistas da mesma forma que me interesso pela música. Tento definir sempre qual história que tem interesse passar para os media e para o público. Ajuda a criar empatia com o artista e boa reputação entre os media e os agentes desta indústria. Desta forma, quando eles recebem um disco da Cumbancha sabem que vale a pena prestar-lhe atenção. Claro que o grande segredo é ter uma grande paixão por artistas e por os gravar. Essa paixão transmite-se para o público.
– Recentemente, fundou a sub-etiqueta Cumbancha Discovery. Qual o propósito? O de dar a conhecer novos artistas, à semelhança do que a editora britânica World Music Network tem feito com a série “Introducing”?
Estou muito contente com a evolução da Cumbancha Discovery. Tenho uma série de objectivos. Primeiro, relaciono-me com muitos artistas que ainda não têm uma carreira bem definida. Não têm agentes de espectáculos, managers, não têm um disco no mercado e não são conhecidos pelos media. É sempre um enorme risco a Cumbancha assinar um contrato com um artista destes. Então, desenvolvi um novo modelo de negócio em que os custos e as recompensas são repartidos entre o artista e a editora. Ambos investem no projecto. Os custos dos discos são menores. Usamos uma embalagem mais modesta mas igualmente atractiva, com “booklets” digitais. Também usamos ferramentas dos novos media como as redes sociais, sites, blogues e outro tipo de promoção online, porque torna os custos de marketing muito menos dispendiosos do que os meios tradicionais, mas igualmente efectivos na promoção e nas vendas.
Através da Cumbancha Discovery assino com mais excepcionais artistas até então desconhecidos cuja música que fazer merece ser escutada por uma maior audiência. Estou disposto a correr mais riscos, lançar mais projectos e expandir mais facilmente com esta linha o catálogo Cumbancha.
– De facto, tem estado a lançar muito mais artistas com esta sub-etiqueta do que com o selo Cumbancha…
É como uma rolha de cortiça a saltar de uma garrafa. Tenho andado a namorar muitos destes artistas durante muito tempo. Finalmente desenvolvi este modelo e estou contente por ter uma série de projectos em carteira para editar. Não quero atrasar a edição destes discos porque isso é o primeiro passo para o reconhecimento e o alargar de novas oportunidades para estes artistas. Quero também desenvolver rapidamente o meu catálogo de licenciamento para introduzir algum do seu conteúdo em cinema, televisão e publicidade.
– Como é que conheceu o Kimi Djabaté? O que é que o motivou a editar o seu último disco através da Cumbancha Discovery?
Nunca conhecei o Kimi pessoalmente. Ele enviou-me uma maqueta e eu adorei. O envelope incluía apenas um CD com a palavra Kimi escrita à mão, sem carta, biografia ou outra informação. Fiquei curioso. Pus a maqueta em cima da minha pilha de discos, ouvi-a e adorei cada canção, o que é raro. Não tinha forma de contactar o Kimi mas, afortunadamente, pouco tempo depois ele enviou-me um email e mantivemo-nos em contacto. Estava a iniciar este novo negócio e pensei que o Kimi seria uma estreia em grande.
– Que objectivos tem para esta edição e para a carreira artista do Kimi Djabaté? Vão também ser os agentes dele?
Agora que temos o produto físico, estou a enviá-los para agentes e managers e estou confiante que rapidamente o Kimi irá encontrar as pessoas certas que o ajudem a marcar concertos e a expandir a sua carreira. Adoraria que o Kimi se tornasse um dia tão popular como o Habib Koité ou outro artista africano bem sucedido. Ele tem talento, só precisa das ferramentas e das oportunidades certas.
– Como vê o contigente de artistas norte-americanos que se têm desenvolvido dentro deste mercado da “world music”? Parece-me haver cada vez mais artistas americanos (ou imigrantes a viver nos Estados Unidos) que tocam música de todo o mundo: Rupa, Chiwoniso, Soul Slavic Party, Pistolera, Toubab Krewe, Extra Golden, Vampire Weekend, etc). Qual é a sua opinião, enquanto etnomusicólogo, sobre este fenómeno?
É uma fase muito excitante para os Estados Unidos para a World Music. Basicamente, as barreiras culturais estão a cair. Por isso, muitos novos grupos estão a criar fortes audiências de adeptos de fusões culturais. Adoro a forma como os Toubab Krewe, Extra Golden and Vampire Weekened estão a construir legiões de fãs ao misturar influências africanas com pop e rock norte-americano. Por vezes, as pessoas não sabem que estão a ouvir música do mundo, apenas sabem que soa «cool», que a banda é «cool» e gostam disso. Os Estados Unidos são um país de enorme diversidade e estou muito contente por verificar que isso está a reflectir-se na música. Mas ainda temos um longo caminho a percorrer, pois os media mais maintream ainda dão pouca cobertura a estes grupos. Eles vão construindo a sua audiência, as suas comunidades de fãs devotos, porque tocam muito ao vivo. Espero que um dia os media lhes dêem a atenção que eles merecem.
– Na sua opinião, porque é que, hoje em dia, as músicas latino-americanas e africanas têm muito maior receptividade em festivais de todo o mundo, do que a folk “celta” e norte-americana?
Penso que a música latino-americana e a africana derivam essencialmente de semelhante raíz africana. Os ritmos e as melodias de África são muito apelativos, estão na base de outros estilos mais universais que todo o mundo conhece, como o jazz, blues, rock, etc. Quando ouvimos música africana e latina soa mais familiar porque já estamos mais habituados a ouvir os seus «primos» musicais.
ola sinhor jacob veio a traveis de sentido musical,chamo me lassana (lazito)sou musico da nova geraçao da guine bissau nao tenho posiblidade de entrar estudio para gravar mais quero editar o meu 1 disco no mercado como nao tenho esse meio quero que o sinhor me a poio tou espanha em malaga fuengirola este e o meu numero de contacto 0034698256644ou 0034698256409