MASTER MUSICIANS OF JAJOUKA: Cristãos, Muculmanos, Berberes e Hindus
[entrevista a propósito do álbum “Master Musicians of Jajouka Featuring Bachir Attar” realizada em 2000 e publicada na revista “On”]
Depois de Brian Jones e Bill Laswell é a vez do indiano Talvin Singh gravar e produzir, provavelmente, o clã musical mais antigo do mundo. Apesar da tecnologia e das tablas empregue pelo anglo-indiano, os Master Musicians of Jajouka mantém intacta toda a sua aura de misticismo e hipnose de uma música de transe capaz de curar moribundos.
Marrocos tem sido durante este século XX um verdadeiro ponto de passagem e inspiração para artistas das diversas artes. Mark Twain, Jack Kerouac, Paul Bowles, William Borroughs, são alguns dos homens da escrita tocados nas suas obras pelas culturas árabe e berbere à beira Atlântico.
Em 1958, o pintor Brion Gysin descobriu perto de Tanger, os Master Musicians of Jajouka durante as festividades de um dos eventos sagrados destes berberes. O Pan Festival em memória de Bou Jeloud, um Deus animal representado nas cerimónias sagradas através de um figurante metade bode, metade homem (um pouco à selhança do mito grego do Minotauro) que dança freneticamente e cujo ritual anual propicia maior saúde aos aldees. Gysin captou o espito e a magia destes m�sicos de transe que, revezando-se, conseguem tocar interminavelmente durante dias. Uma d�cada depois, Brian Jones dos Rolling Stones aterra nesta aldeia berbere para registar aquele que seria o primeiro disco oriundo de Marrocos editado no mundo ocidental: ?Brian Jones Presents The Pipes of Pan At Jajouka?. Bachid Attar, filho do antigo l�der Hadj Abdesalam Attar que herdou a chefia de um cl� musical com mais de 600 anos revela que ?ele ouviu cassetes gravadas pelo Brain Gyson e adorou. Disse-lhe que tinha de ir a essa vila e trabalhar na m�sica. Gravou mais de 7 horas da nossa actua��o, como se estiv�ssemos a tocar nas cerim�nias da nossa aldeia, foi para Londres onde estava a trabalhar num disco dos Rolling Stones e a� mostrou a nossa m�sica ao resto do grupo. Misturou o �lbum e editou-o, em 71, pela editora deles.?
A partir daqui, o universo de Bachid Attar e dos Master Musicians Of Jajouka ampliou-se consideravelmente. Desde ha s�culos, ?a nossa m�sica tem sido oferecida como oferenda aos sucessivos reis de Marrocos. Sempre serviu para celebrar actos de extrema import�ncia para o nosso povo como casamentos, nascimentos, circuncis�es e tomadas de trono?.
S�o estes possantes ritmos e harmonias hipn�ticas interpretadas atrav�s de instrumentos como ghaita (esp�cie de obo�), percuss�o, flauta e gimbri (ala�de de tr�s cordas) que conferem aos cerca de 50 m�sicos que constituem o cl� o estatuto de m�gicos e curandeiros. �, � semelhan�a da tradi��o gnawa dos sufis uma m�sica ?que comunica com os esp�ritos, de forma a curar e a aben�oar pessoas. Quando tocamos sentimos os nossos antepassados o tempo todo, porque esta m�sica de fam�lia � um presente que nos foi oferecido por eles.?
Depois de mais de doze anos de estrada pelos quatro cantos do mundo, de outras visitas not�veis a Marrocos efectuadas por Bill Laswell que produziu o segundo disco do grupo ?Apocalypse Across The Sky? e de Bachid Attar ter residido em Nova Iorque, onde gravou com Maceo Parker e tocou, por exemplo, com Lee Ranaldo dos Sonic Youth, � natural que os horizontes deste berbere agora sejam outros: ?ao longo da minha vida, tudo tem influenciado o meu trabalho: a beat generation, o rock?n?roll, o jazz. O Brian Jones foi o primeiro a querer juntar a m�sica de Jajouka � ocidental e de diferentes culturas. Foi o primeiro com a mente aberta para a m�sica marroquina. Atrav�s dele, conheci e toquei com muita gente do rock e do jazz, como o Ornette Coleman, os Rolling Stones no �lbum ?Steel Wheels?. Tamb�m conheci os Aerosmith, os Guns N?Roses. Estive no Woodstock de 94 e toquei l� com o Santana.?
� por isso normal que Talvin Singh, mestre anglo-indiado do ?tabla?n?bass?, tenha em Mar�o do ano passado subido as montanhas Rif para captar, uma vez mais, toda a aura de misticismo que envolve uma sonoridade, segundo Bachid, que n�o se cansa de pegar nas palavras de Burroughs, ?soa a uma banda de rock?n?roll com 4000 anos de exist�ncia?.
Talvin Singh, considerado por Bachid Attar ?uma ben��o divina? integrou-se no cl� e conduziu o processo sem restri��es”. � que ?existe uma liga��o hist�rica entre minha fam�lia que tem ra�zes indianas de h� centenas de anos e Talvin Singh. � por isso que neste disco tocamos a m�sica dos Jajouka com tablas. Houve uma liga��o forte entre n�s. � dif�cil encontrar algu�m que perceba aquilo que fazemos. O Talvin trouxe o est�dio para a nossa aldeia e gravou a nossa m�sica, tocou percuss�o, levou os registos para Londres e convidou-me a ir com ele, de forma a trabalharmos em est�dio. Neste �lbum apenas tr�s can��es foram registadas integralmente na nossa aldeia, sem qualquer tratamento posterior, o resto do disco foi todo trabalhado no est�dio em Londres.?
Ap�s esta experi�ncia com Singh e logo a seguir a uma digress�o de apresenta��o ao vivo do disco que passar� pela Europa, Am�rica e Australia, Bachid Attar planeia gravar um disco a solo. Conforme confessa, ?pretendo unir a minha cultura com influ�ncias indianas, americanas, europeias e africanas. Preciso de tempo para isso e para tentar contactar Keith Richard, David Gilmour e outros m�sicos indianos de c�tara.
N�o h� nada em concreto, s�o apenas ideias.?
Prezados amigos
Eu sou um artista plastico brasileiro e estou a procurar uma amiga que aparece sitada na entrevista feita por vcs com a cantora Bebel Gilberto, o nome dela
Ol