Reportagens

FESTA DO AVANTE: S�BADO, 6SET03


CantAutores

DAN�AS OCULTAS. A magia das concertinas

No S�bado, cheguei e j� os Dan�as Ocultas estavam em cima do palco do Audit�rio 1� de Maio. Perdi Segue-me � Capela. Mas a cerca de meia-hora que assisti do espect�culo das quatro concertinas encheu todas as medidas. S�o m�gicas estas oito m�os. Como quem n�o quer a coisa, l� v�o deambulando entre uma contempla��o nost�lgica de travo klezmer, servida entre um excerto sensual de bel-musette parisiense, ou entre uma composi��o mais l�dica que nos remete para a mem�ria do esp�rito experimental e foli�o dos Verd e Blu da Gasconha. Volta e meia, puxa-se pelo fole, retira-se-lhe o sopro, marca-se o ritmo com a concertina como se esta fosse um baixo. D� gosto ver a coordena��o em palco dos quatro m�sicos. Parecem uma equipa profissional de ciclismo. Um a um, cada elemento vai � frente do pelot�o puxar por ele. O esfor�o � bem doseado. Sabem revezar-se. Tudo isto com uma linearidade not�vel, embu�do num esp�rito hipnotizante de chill-out. Damos por n�s e perguntamo-nos: – O qu�, j� tocaram meia-hora? A .m�quina. � org�nica, bem oleada, contempor�nea e global. �, talvez, o projecto-lusitano-extra-vozes-de-fado que mais facilmente pode rodar pelos principais festivais europeus de m�sicas do mundo.

BRIGADA V�TOR JARA. Metais de baixa

Foi dos poucos espect�culos que vi no palco principal (o 25 de Abril), gozando excepcionalmente de um concerto a come�ar � hora certa. Como sempre, Manuel Rocha exibiu todos os seus dotes de orador nato. Na Festa estava como peixe dentro de �gua, explicando (mais uma vez) a g�nese do nome do projecto que comemora o seu 30 anivers�rio, com a hist�ria do cantor chileno V�tor Jara que morreu nas garras de Pinochet. Foram, uma vez mais tudo aquilo que j� tinha referido no rescaldo do Interc�ltico do Porto . A �nica diferen�a � que o Sexteto de Tom�s Pimentel estava t�o l� atr�s do extenso palco, que mal se escutava. Parecia que o som das percuss�es (sobretudo estas) e dos restantes instrumentos da Brigada estavam muito mais alto do que o dos metais. Perderam-se os pequenos grandes pormenores que fizeram da actua��o no Interc�ltico um espect�culo memor�vel. De facto, uma sala ou um t�cnico, fazem uma grande diferen�a.

CANTAUTORES: O nervo da can��o

De novo no Audit�rio 1� de Maio e com um certo atraso. Que agrad�vel surpresa foram os CantAutores. O �lbum hom�nimo que lan�aram este ano atrav�s da Associa��o Cultural D.Orfeu, com sede em �gueda, � um bom cart�o de visita que reflecte bem o esp�rito do projecto em Palco. Repescando repert�rio de Jos� Afonso, Fausto e S�rgio Godinho, Lu�s Fernandes (o director musical) evita os lugares comuns destes �cones da can��o portuguesa, optado por um repert�rio maioritariamente menos divulgado. Sem serem muito inovadores, denota-se um certo cuidado nos arranjos orquestrais, ora mais cl�ssicos, ora mais jazz�sticos (�s vezes, algo inspirados pela bossa nova . o come�o de .Europa Nova Europa.). Salta ao ouvido a proximidade t�mbrica entre Lu�s Fernandes e Fausto e entre Miguel Callaz e Jos� Afonso, o bom gosto dos .vientos. (que express�o engra�ada inventada pelos espanh�is): fagote, clarinete, trombone e flautas. Tudo isto regado com uma atitude de entrega ao espect�culo louv�vel, sobretudo da parte de Lu�s Fernandes, a transcender-se na interpreta��o da balada .Por Que Me Olhas Assim. e, sobretudo, em .Sete Mulheres do Minho. (que, infelizmente, n�o faz parte do alinhamento do disco), fazendo levantar da terra boa parte da assist�ncia que se encontrava sentada. Um espect�culo sempre em crescendo que teve o seu climax maior com .um Homem Novo Veio da Mata., no encore. Outros destaques: .Barnab�. e .O Rei Vai Nu. (ambos de S�rgio Godinho).

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