Alexandros Nathanail, compositor e pianista grego, visitante regular do nosso país, editou no final de 2013, através da editora e produtora nacional Ocarina, o álbum “Onde Sonho”. Um disco que une composições telúricas e mediterrânicas, cordas gregas (bouzouki) e portuguesas (viola e guitarra portuguesa), com várias vozes do fado (Ana Sofia Varela, Carla Pires, Gisela João, Hélder Moutinho e Joana Amendoeira) e de além fado (Katerina Polemi).
No próximo dia 15 de Maio, Alexandros Nathanail regressa a Portugal para apresentar o repertório de “Onde Sonho”, no Pequeno Auditório do CCB em Lisboa. “Ponte musical”, organizada pela Embaixada da Grécia em Lisboa, por ocasião da Presidência Grega da União Europeia.
Desta vez, será acompanhado pelas fadistas Carla Pires, Joana Amendoeira e Maria Ana Bobone, pelos instrumentistas gregos Bibi Selmani (acordeão), Konstantinos Koukoulinis (bouzouki e voz) e por Luís Guerreiro (guitarra portuguesa), Pedro Pinhal (viola) e Rodrigo Serrão (contrabaixo).
Em 2010, gravou o álbum instrumental ”Icons”. Este disco que acaba de editar (“Onde Sonho”), com a excepção de sete canções cantadas em português, é também instrumental. Será que, para si, a musicalidade da língua portuguesa, a voz de fado, é mais um instrumento disponível para compor as suas “bandas sonoras”?
Sim. Gosto da originalidade e da emotividade que essa música me oferece. Da forma como os fadistas interpretam o fado. Acredito que a minha música é mais próxima do fado e da sua emoção. Também gosto muito da língua portuguesa. É uma língua muito bonita para cantar e para escutar. Gosto de fazer a combinação entre sons gregos e portugueses porque há muitas semellhanças entre ambos.
Como é que convocou todas estas vozes do fado e as guitarras (do Ricardo Parreira e do Marco Oliveira) para gravarem consigo neste disco?
A Katerina Polemi é grego-brasileira. É muito boa. Vive em Atenas. Já toquei com ela alguma música brasileira, jazz, as minhas composições… Quando lhe dei uma música (“De um outro plano”), gostou muito e escreveu a letra. A Joana Amendoeira já a conheço há bastante tempo. Já tocámos juntos em Atenas. Somos amigos. Também sou amigo da Carla Pires. Todos eles gostam da minha música. Por isso vim a Portugal gravar as vozes e as guitarras. Já conhecia o Ricardo Parreira. Ele participou no meu disco anterior. Através dele, conheci o Marco Oliveira. Gosto muito do som deles, era mesmo aquilo que queria ter na minha música.
O Hélder Moutinho é o único fadista masculino que aparece entre os convidados. Prefere vozes femininas?
Quando era mais novo, quando comecei a interessar-me por fado, comecei por ouvir vozes femininas. À medida que fui investigando o fado, comecei a ouvir também vozes masculinas como o Hélder, o Camané (que é muito bom), o António Zambujo (também é muito bom mas num estilo diferente…), o Pedro Moutinho (gosto de toda a família) e, claro, o Carlos do Carmo.
Mas este disco não é um disco de fado. É um disco de música cinemático-mediterrânica, com sonoridades gregas, italianas e com vozes de fado. Certo?
Sim. Não sou nem pretendo ser um compositor de fado. Apenas gosto de unir e de misturar os elementos.
Penso que seja difícil para si apresentar este disco ao vivo fora de Portugal. O que faz quando não tem as vozes portuguesas à disposição?
Se não for possível tê-las a todas, tentarei ter algumas das vozes e eu também cantarei as canções. Neste momento estou a trabalhar num novo projecto. Componho, canto em inglês e espanhol, num estilo diferente deste.
Conhece o projecto “Périplus” de uma uma cantautora portuguesa (Amélia Muge) e de um músico grego (Michales Loukovikas)?
É muito interessante o que eles fizeram. Estive na apresentação do CD em Atenas e gostei muito. Não sei até que ponto a música que eles compõem é fácil para o público. Mas o que eles fizeram é muito bom.