Discos

TAMA: da música griot ao experimentalismo britânico

TAMA

“Nostalgie”

Real World / EMI – VC (CD 1999)

“ambient” mandinga com funk e blues à mistura por um maliano, um guineense e um inglês


[texto publicado originalmente na extinta revista “Voice” em Maio de 1999]

Apesar da fusão existente entre o coração do império mandinga (algures entre o Mali e a Guiné Bissau) e a modernidade ocidental, “Nostalgie” mantém bem conservado toda a estrutura oriunda de África, sobressaindo a experiência e maturidade deste trio – TOM DIAKITÉ (do Mali, kora e n’goni), DJANUNO DABO (da Guiné Bissau, percussões) e SAM MILLS (de Inglaterra, guitarra) – em construir um disco tão enraizado quanto diversificado. O passado partilhado em palco com SALIF KEITA e MORI KANTE (por parte de TOMI) e ANGELIQUE KIDJO (por parte de DJANUNO) não os fez sofrer de síndroma da afro-europeização, entenda-se afro-francofonização. Até SAM MILLS (um dos fundadores dos experiementalistas ingleses dos anos 80, 23 SKIDOO), cujas experiências tecnológicas com o indiano PABAN DAS BAUL se aproximavam de um formato de fusão mais vistoso, está agora mais discreto, encarregando-se de pequenos pormenores. “Nostalgie” tem funk, blues, momentos de piano mais ‘jazzísticos’, vozes wassoulou carregadas de misticismo, muita ambiência à mistura, dominada pela guitarra (quase infinita, a la MICHAEL BROOK) de MILLS e pela filtragem em maquinaria de sons de hammonds, violoncelos, alaúdes. Tudo isto feito com um nível de refinamento elevado e global, assente em solo africano.

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