Reportagens, Video

Festival Med [dia #2] ESTAMBUL, NATACHA ATLAS, SERGENT GARCIA

ESTAMBUL | Festival MED | Palco do Castelo | dia 28 de Junho | Espaço bem composto
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No início da segunda noite, o palco do Castelo, porventura o espaço mais recatado e ideal para conhecermos algumas das novas esperanças da música portuguesa (e não só), brindou-nos com uma muito agradável surpresa. Os ESTAMBUL de Espanha, completamente desconhecidos, ainda sem terem gravado qualquer disco, mostraram além de uma notável maturidade, todos os atributos de um interessante projecto de etno-jazz de influências da música tradicional de alguns países de toda a bacia do mediterrâneo (Europa, Norte de África e Médio Oriente) e dos Cárpatos. Quer na interpretação de composições de grandes mestres do alaúde como o libanês RABIH ABOUH-KHALIL (na bem conhecida “Arabian Waltz”) ou o tunisino ANOUAR BRAHEM, quer na interpretação de temas próprios. Curiosamente, numa verdadeira viagem de mais de uma dezena de minutos, inspirada no autor de “Voyage de Sahar”, o habitual tocador de alaúde trasporta-nos ao universo celestial através do som infinito do saltério. O caminho das estrelas suportado por um elegante contrabaixo e por percussões de cadência árabe, é uma espécie de passadeira vermelha para que o saxofonista evidencie todo o virtuosismo e lado sanguíneo da música dos espanhóis ESTAMBUL. A acompanhar com muita atenção.

[fotos e video em breve]

NATACHA ATLAS| Festival MED | Palco da Cerca | dia 28 de Junho | Espaço bem composto
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Em Loulé, há concertos ‘à la carte’. Antes de actuar, NATACHA ATLAS perguntou à organização se preferia um concerto mais acústico ou mais electrónico. O MED recebeu a filha de uma inglesa e de um judeu com raízes genealógicas no Egipto, Palestina e Marrocos, no palco da cerca, uma vez mais repleto de cadeiras para melhor desfrutar da riqueza harmónica e de arranjos luxuriantes do repertório acústico desta verdadeira diva.

Se, há década e meia atrás, NATACHA ATLAS estava no pelotão da frente da dança global, quer com os TRANSGLOBAL UNDERGROUND, quer com JAH WOBBLE AND THE INVADERS OF THE HEARTH, que pilhava influências ao universo árabe e da África negra, misturando-as com dub, trance e outras áreas da música de dança, agora há mais açúcar, suavidade e classe nas suas canções. A postura maleável de NATACHA consegue captar a atenção da audiência com o calmíssimo “Adam’s Lullaby” de JOCELYN POOK, elaborado sumptuosamente com arranjos de seda que lembram melodias de amor registadas para bandas sonoras de filmes indianos. Arrebata-nos quando pisca o olho ao tropicalismo brasileiro (sem esquecer o universo árabe onde se movimenta) em “Ghanwa Bossanova”, tema obrigatório do último álbum “Mish Maoul”. Um concerto de NATACHA ATLAS é uma verdadeira viagem no tempo em que são resgatados heróis egípcios do século XX, ou canções ícones da pop francesa (Mon Ami La Rose” tornada conhecida por FRANCOISE HARDY) e do jazz norte-americano (“Black is the color of my true” que NINA SIMONE imortalizou). Natacha Atlas tem sabido envelhecer.

[fotos em breve; video disponível no blog do festival]

SERGENT GARCIA | Festival MED | Palco da Matriz | dia 28 de Junho | Espaço bem composto
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No palco da Igreja Matriz, retiraram-se as cadeiras que serviram para receber na noite anterior SARA TAVARES e montou-se a festa pegada de empolgamento imediato com a mistura de reggae e salsa a que SERGENT GARCIA cataloga de ‘salsamuffin’. Este francês (que abriu a sua página na história do rock francês dos anos 80 como fundador dos LUDWIG VON 88) e os restantes nove músicos que o acompanharam, revelaram-se uma eficaz máquina de ritmos latinos pronta-a-dançar, que absorve o ska, o son cubano, e a cumbia colombiana, servido num cocktail perfeito que torna o discurso de consciência política e social de Sergent Garcia mais apelativo. Nesta noite, houve certamente uma colagem inevitável ao discurso pró-zapatista e da música miscigenada e rebelde faz de MANU CHAO um modelo a seguir, mas houve também personalidade e bom entrosamento dos 10 músicos que tinham por missão principal por a turba a dançar e isso foi cumprido.

[fotos em breve; video disponível no blog do festival]

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