KTU – KIMMO POHJONEN, SAMULI KOSMINEN, TREY GUNN, PAT MASTELLOTO
Cool-Jazz-Fest’ 06
Cascais – Cidadela
26 de Julho 2006
A Cidadela perde muito comparada com o jardim em Oeiras onde tocou o KANYE WEST. Nunca lá tinha estado, nem em passeio, mas o espaço do concerto é basicamente um largo onde foram dispostas cadeiras, e não se pode dizer que crie ambiente ou envolvência. E não se compara, de forma alguma, ao Castelo de Sines.
O local estaria a meia-casa. É pena. Espantei-me um pouco com o aspecto mais idoso/solene de uma parte do público, sobretudo os que estavam nas primeiras filas – eu estava na 4ª. Seriam fãs de folk? De prog? Do KIMMO? Dos KING CRIMSON? Pensariam que iam ver jazz? O preconceito é lixado. Seja o que for, pareceram contentes no fim, mais do que os dois putos broncos à minha frente que mandaram umas quantas bocas estúpidas. Quando estacionei no parque, o KIMMO e o SAMULI passaram à minha frente. Não me ocorreu nada para dizer.
É um concerto do qual saio dividido. A música é fenomenal. Costumo ser fã de música Vai Acima-Vai Mais Acima. Daquela que nos deixa passar um tempo a um grau de intensidade, até estarmos completamente envoltos nela e eufóricos, e quando depois sobe mais um bocadinho a alegria é grande, e dou por mim a agitar-me freneticamente, embora sentado não dê para muito. E a estrutura dos temas de KTU permite que estes sejam apreciados de princípio a fim, inclusivé as partes em que pouco mais há que um “assobio” do acordeão, do sampler ou da bateria. O KIMMO, o TREY e o PAT ajudam com a notória alegria e empenho com que tocam. Nada de demonstrações supérfluas de virtuosismos, ou pelo menos nada em termos de longas divagações. Viu-se uma fúria, um tornado com muito de rock, mas com grandes doses de ADN das invocações, que mesmo quem não é conhecedor a fundo associa à Finlândia e às regiões inóspitas escandinavas do KIMMO POHJONEN, e igualmente com muito do lado mais pesado dos CRIMSON. Curiosamente, houve igualmente uma música em que pensei ouvir algo de brasileiro. Ilusão de ouvido destreinado nessas coisas, provavelmente.
Foi a extraordinária beleza e adrenalina da música que ajudou a compensar a falta de ambiente do local, e o estar a olhar a tanta distância com cadeiras, ainda por cima ao ar livre. Não dá para comparar a tê-los visto em Sines no meio de uma multidão aos apertos. Esse foi o melhor concerto que vi em 2005. Era preciso uma banda muito boa para me fazer sair feliz no final de um concerto nestas circunstâncias. Assim aconteceu. Mas senti falta da respiração ofegante e da vontade de construír estátuas de 50 metros de altura para cada um deles que tive há um ano.
Nuno Proença
Também os vi há um ano em sines, depois fui ver Kimmo a Aveiro e agora vi-os de novo precisamente no Cool Jazz. Foi bastante especial porque (por erro das meninas que nos levavam aos bancos) fiquei na 1ª fila do lado direito (desse lado só estava eu mais a pessoa que me acompanhava.. estavamos sozinhos na fila da frente – desse lado claro). Consegui-me assim abstrair do resto do panorama do público e concentrar toda a minha atenção unicamente na actuação dos KTU. Não sei se reparaste mas a determinada altura Pat Mastelotto usou um sample sacado do palco a ranger (que se ouviu meia duzia de vezes quando Trey Gunn se movia no palco). Foi excelente (tecnicamente), mas não tão forte como o de Sines claro. (concordo, KTU foi o melhor de 2005)
ah, a dada altura estava eu a fazer o ritmo da musica que tocavam, com as maos a bater nos joelhos e dei de caras com o Pat Mastelotto a olhar pra mim e a rir-se hehe (2 dias depois cruzei-me com ele em sines, mas não me reconheceu, claro)
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