Festivais

Tom de Festa de alto nível na ACERT

DOBET GNAHORÉ (C) Renee MisselDobet Gnahoré, Bassekou Kouyaté, Kasai Masai, Júlio Pereira, Chico César, Spok Frevo Orquestra, Stewart Sukuma, Lamatumbá, Lafra, Monstro Mau, Tocá Rufar e Dixie Gringos. Que melhor cartão de apresentação poderia ter o Tom de Festa que se realiza entre os dias 14 e 18 de Julho na ACERT de Tondela?

Anualmente, ocorre-nos o mesmo dilema. Que fazer ao verificar que, ano após ano, o Tom de Festa serve-nos um dos melhores cartazes de festivais portugueses de músicas do mundo, sem nunca o podermos visitar porque a sua data de realização ocorre em simultâneo com o FMM de Sines?

A versão de 2009 dom Tom de Festa é, provavelmente, a melhor de sempre que a ACERT já apresentou. Mais uma vez, além de nomes muito interessantes do continente africano (Bassekou Kouyaté, Dobet Gnahoré, Kasai Masai) e do Brasil (Chico César, Spok Frevo Orquestra) o Tom de Festa prima também pelo carácter aberto da programação que não se restringe apenas e só aos artistas do circuito da “world music”. Há também jazz /dixieland, rock, folk e “kusturicadas”.

Programa Completo:

[14 de Julho, terça-feira]

DIXIE GRINGOS – JAZZ BAND [Portugal]

actuação pelas ruas de Tondela | Gepetos de Pinóquio na abertura do Tom de Festa

A cumplicidade entre os instrumentistas deste ensemble, aliada a uma capacidade de improvisação única, está na base do entusiasmo admirável que os tem acompanhado ao longo do seu percurso.

Nas actuações desta banda pulsam as mais puras raízes do jazz, partilhadas num exercício de grande comunicação com o público. Contemos, porém, a história que se esconde entre as pautas musicais.

www.myspace.com/dixiegringos


[15 de Julho, quarta-feira]

SPOK FREVO ORQUESTRA [Brasil]

“O Frevo está para o Capibaribe como o Jazz para o Mississipi”. Palavras do prestigiado músico do Nordeste do Brasil, Zé da Flauta, que assim caracteriza o som desta Orquestra. Eis a nossa frase: uma big band arrebatadora e inovadora que se apresenta pela primeira vez em Portugal!

Formada por 18 músicos, a Orquestra surgiu em 1996, disposta a abrir o seu estilo a uma prática típica do jazz: o solo dos instrumentistas ou, segundo o maestro Spok (nome artístico de Inaldo Cavalcanti), “liberdade de expressão”.

www.spokfrevo.com.br

www.myspace.com/spokfrevo

[16 de Julho, quinta-feira]

CHICO CÉSAR [Brasil]

Seis anos após o seu inesquecível concerto no Tom de Festa, este grande vulto da música brasileira está de volta a Portugal, na digressão em que apresenta o seu novo disco… e porque não um livro também?

Mudam-se os tempos, mas não as vontades: o espírito das festas populares nordestinas (Carnaval e festejos juninos), a alegria da música e a força dos ritmos continuam a pulsar, como sempre, no fascinante trabalho de Chico César. “Francisco Forró e Frevo”, uma espécie de bilhete de identidade artístico, parece resumir bem o autor e a obra, marcada por um invariável regresso às raízes.

www2.uol.com.br/chicocesar

www.myspace.com/chicocesar

STEWART SUKUMA [Moçambique]

Música moçambicana tradicional e contemporânea com uma instrumentação revolucionária. O resultado é o som enérgico de “Afro/Pop/Jazz”, um género tão improvável como aliciante.
Nascido em Cuamba, uma pequena vila na província moçambicana de Niassa, Sukuma ganhou a sua primeira guitarra num evento de caridade. Em 1997, cinco anos após o fim da guerra civil no país, gravou o seu primeiro álbum, “Afrikiti”, abrindo caminho a que muitos artistas seus conterrâneos enveredassem pelo mesmo caminho.

LAMATUMBÁ [Espanha]

Um dos principais expoentes da música galega, que atravessa os mundos musicais impostos pela contemporaneidade.

Têm por lema comunicar, fazer desfrutar amores “encobertos”, cantar e dançar. Imbuídos dos ritmos e interpretações que a festa transporta para o palco, estes músicos adoptam-na como bandeira, em concertos cujo cartão-de-visita é, sem dúvida, o sorriso.

www.lamatumba.com

www.myspace.com/lamatumba2007

[17 de Julho, sexta-feira]

JÚLIO PEREIRA [Portugal]

O mais reconhecido multi-instrumentista português revela o talento com que, ao longo da sua carreira, tem tornado a música portuguesa cada vez mais cosmopolita.

Apresenta-se no Tom de Festa com um concerto surpreendente. No seu disco “Geografias” (2007), onde regressa ao seu instrumento de eleição – o bandolim – é acompanhado por Bernardo Couto (guitarra portuguesa) e Miguel Veras (viola), contando ainda com a participação de Sara Tavares e Marisa Pinto. Trata-se, acima de tudo, do cruzamento de um leque de instrumentos com a obra plástica de Salomé Nascimento, que assina a belíssima capa do disco.

www.myspace.com/geografias

www.myspace.com/juliopereira

BASSEKOU KOUYATE [Mali]

Venha conhecer um dos maiores nomes da música africana da actualidade, cujo talento é hoje mundialmente reconhecido.

É um dos verdadeiros mestres do ngoni, um antigo alaúde tradicional oriundo da África Ocidental. O sensacional álbum “Segu Blue”, lançado na Europa na Primavera de 2007, constitui o seu primeiro disco solo. E que começo! Gravado em Bamako por Yves Wernert e misturado em Londres por Jerry Boys, conquistou o Prémio BBC para “Melhor álbum do Ano” e “Melhor espectáculo Africano”, em 2008.

www.myspace.com/bassekoukouyate

www.outhere.de

KASAI MASAI [Congo]

Pela primeira vez em Portugal, eis a fusão da música tradicional do Congo com ritmos contemporâneos, num espectáculo que convida o público a uma dança frenética…

A maioria das músicas tem origem nos ritmos dos diferentes povos situados ao longo do rio Congo. Os poemas líricos que adoptam como referência espelham, aliás, a diversidade das mais de 400 línguas aí faladas (lingala, kimongo, kwango e mbole, incluindo também o suaíli).

www.kasaimasai.com

www.myspace.com/kasaimasai

[18 de Julho, sábado]

DOBET GNAHORÉ [Costa do Marfim]

Pela primeira vez em Portugal, uma das vozes mais carismáticas da world music contemporânea.

Cantora, dançarina e percussionista, conquista o público com a sua magnífica presença, reforçada por diversos anos de trabalhos teatrais e coreográficos. Dobet Gnahoré possui a força das heranças culturais do seu pai, Boni Gnahoré, mestre do grupo Ki Yi Mbock Abidjan, liderada por Werewere Afeiçoado.

www.contrejour.com/artists/Dobet

www.myspace.com/dobetgnahore

MUNDO CÃO [Portugal]

Uma banda fortemente marcante do actual panorama musical português… Vencedores dos Globos de Ouro 2007 na qualidade de banda revelação, estes músicos conquistaram um lugar marcante no panorama musical português.

Criada em Braga, em 2001, a formação teve início com um convite de Miguel Pedro a Pedro Laginha para vocalizar alguns temas por ele compostos. Aceite a “missão”, ambos perceberam em poucos meses que poderiam colaborar num projecto mais importante.

www.myspace.com/mundocao

TOCÁ RUFAR [Portugal]

Um importante projecto de formação artística e cultural em torno da percussão tradicional portuguesa. Vamos… “bombar”?

Nesta apresentação, os elementos de Tocá Rufar são acompanhados pelos participantes da “Oficina de Formação” que decorre na ACERT entre 15 e 17 de Julho.
www.tocarufar.com

LAFRA [Croácia/Hungria/Bulgária/Sérvia]

Músicas da Europa Central e dos Balcãs em euforia festiva, naquele que será um grande momento para “kusturicar”.

Naquele que será o último concerto do Tom de Festa, apresentam um espectáculo composto por músicas festivas dos Balcãs, mediante arranjos que, com grande virtuosismo instrumental, se inspiram em melodias tradicionais, nas quais descobrimos sonoridades da música klezmer e clássica, do jazz e da ambientação cinematográfica.

Cortesia ACERT

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9 Comments

  1. já cheguei a fazer a maratona de começar no tom e terminar em sines, quando o fmm começava a uma quarta-feira e terminava no sábado e não passava em porto covo… agora temos de optar.. e este ano está-me a custar por de lado mais uma vez o bassekou kouyate, espectáculo que já perdi por duas vezes.. quem sabe se um dia ele não vai a um quintal de uma amiga : ) (private joke)

  2. Eh pá, este ano há pelo menos quatro festivais em simultâneo. FMM, Tom de Festa, Lx09 e o Ollin Kan em Vila do Conde. Deveríamos ter pelo menos três meses de Julho por ano…

  3. Pois é, e há que acrescentar mais um, aqui mesmo ao lado em Aljaraque-Huelva, nos dias 24 e 25 Julho: Festival A Punta Pala que vai na 3ª edição, um Festival que se reclama de música e cultura alternativa, mais jovem e irreverente (falta um Festival assim de world music em Portugal), mais virado para a world music de dança-club-fusion, enfim, mais ao meu gosto! E vou optar por ir a Aljaraque, bem mais longe de Viseu que Sines, onde pretendia ir precisamente nos dias 24 e 25 ver os Chicha Libre, Lee “Scratch” Perry e Speed Caravan (que não vi o ano passado no MED porque estava à mesma hora noutro palco a meter discos) mas paciência! E o que me faz optar por rumar ao Punta Pala este ano?: Sobretudo Femi Kuti (que ainda não tive oportunidade de ver em concerto) e Bomba Estéreo (uma das minhas mais recentes descobertas, da Colômbia, fazem uma mistura explosiva de cumbia, hip-hop e música electrónica de dança -electro cumbia- e têm uma cantora excepcional)! E tb os nossos Terrakota, de que não sou grande fan mas de que espero mais ao vivo, e vários djs na área do Afrobeat, Latina, Fusão que prometem bastante: DJ Floro, DJ Bongo, DJ Benas, Marcos Boricua (um dos percursores da música electónica do Caribe), Los Rumbers que tb estiveram o ano passado no MED e outros projectos fusionistas dos quais espero belas surpresas: Andyloop, Proyecto Vagamundos, La Kinky Beat, Chalart58!

    1. Olá Joe,

      Há cada vez mais festivais e cada vez mais concertos ditos de “world music” no nosso país, mas como já referi continuam a haver várias propostas de festivais ou vários nomes interessantes da folk europeia, africanos, latino-americanos, de fusão acústica ou electrónica que gostaria de ver mas que dificilmente virão cá. Ou porque o modelo de determinados festivais não o permite, ou porque as salas que temos (continua a faltar uma sala em Lisboa de média dimensão 1500/2000 lugares alugada a preços simpáticos) impossibilitam a vinda de determinados artistas. Mas esse festival de Huelva parece-me muito apetecível. Pena bater com o de Sines onde já vi tanto Femi Kuti, como Seun Kuti e Tony Allen (por acaso gostei muito mais da actuação recente que vi dele em Sevilha do que na Av da Praia).

      Referes que os Speed Caravan vieram ao Med o ano passado. Não estarás a confundir com Caravan Palace.

      Olha que vale a pena ir ao último dia de Sines para ver os Speed Caravan, sobretudo quem gosta de Rachid Taha. Nunca vi baixista tão bom (nem mesmo o da Rokia Traoré que é fabuloso).

  4. Oi Luis
    O MED um grande festival, mas só na propaganda. De resto é um festivalzinho para 5000 pessoas (os privilegiados que conseguem entrar por noite no recinto). O resto, depois de 2 horas a procura de estacionamento no centro da cidade (pois não existe nenhum parking próprio), quando finalmente conseguimos, ali a uns 200 quarteirões um lugar e chegamos a bicha das bilheteiras onde passamos mais 40 minutos a espera do nossa vez, nos mandam embora pois o recinto está lotado. LOTADO com só 5000 pessoas que é por motivos de segurança a máxima capacidade. Quer dizer, grandes nomes, imensa gente a porta, e como máximo nos 4 dias só 20.000 pessoas no total podem assistir: Isto no mínimo reflecte que Portugal ainda que com boas iniciativas fica aquém do esperado, fica-se por um festivalzinho que não poderá crescer porque “falta de espaço”.
    No primeiro dia ouvi Bajofondo que (sou suspeita nisto) foram além das minhas expectativas. Excelente música, bons no ritmo e na animação. Moriarty se não me engano no nome, tem essa miúda de uma voz fantástica.
    Os portugueses e não só, na sua maioria fazem a sua festa aparte e pouco lhes importa a música….falam até pelos cotovelos e ouvem muito pouco! Em fim……

  5. Olá Gaucha.

    Compreendo o teu ponto de vista. O Med tem crescido de ano para ano mas parece-me difícil crescer mais. O encanto deste festival é mesmo o facto de acontecer na zona antiga da cidade, entre ruas estreitas e espaços (palcos) que não permitem uma lotação de mais de 1000/2000 pessoas. Penso que há o grande risco de o Med descaracterizar-se se evoluir para um espaço mais amplo fora da cidade.

    Cheguei ontem (sexta-feira), por isso não pude apreciar Bajofondo a tocar a misturar tango com a Ti’Anica.

    Conto publicar artigo sobre três dias de Med (sexta, sábado e domingo) entre segunda e terça-feira.

    beijinhos

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